Saúde
Semana de controle à leishmaniose traz alerta sobre doença
Todas as regiões brasileiras têm casos da enfermidade, sendo que 22 estados apresentam casos humanos e caninos
Onde ocorre a leishmaniose
Já estamos na Semana Nacional do Controle e Prevenção à Leishmaniose, cujo objetivo é alertar a população sobre os cuidados para evitar a doença, que afeta animais e seres humanos.
“É uma doença grave, caso não tenhamos tratamento em tempo oportuno. As chances de ir a óbito são superiores a 90%,” explicou Nélio Batista de Morais sobre a doença em humanos.
A leishmaniose visceral, conhecida popularmente como calazar, era uma endemia rural até a década de 1970, que acontecia no semi-árido do Nordeste. Com as mudanças ambientais e a urbanização do país, ocorreu uma mudança do perfil epidemiológico radical do calazar.
A doença migrou então, inicialmente, para grandes cidades nordestinas, como as capitais do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, passando, mais adiante, para o estado do Pará, na região Norte. No Centro-Sul do país, foram identificados também surtos de calazar em Belo Horizonte, cidade de perfil distinto do nordestino.
A expansão territorial da enfermidade prosseguiu para cidades do Mato Grosso do Sul, como Campo Grande, e do oeste de São Paulo, entre as quais Presidente Prudente e Araçatuba. Por último, chegou à Região Sul do Brasil, expandindo-se até a Argentina.
Mosquito-palha
O vetor da leishmaniose visceral é o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis) infectado pelo protozoário Leishmania chagasi.
Esse mosquito, muito menor do que uma muriçoca, faz o seu ciclo de reprodução na matéria orgânica em decomposição no solo, como frutas, folhas e fezes de pessoas e animais. São mosquitos que não dão voos, mas saltos, e a fêmea se alimenta de sangue, animal ou humano. Normalmente, no meio urbano, a fonte animal é o cão, que é extremamente sensível e vulnerável à ocorrência leishmanionse visceral. A doença é muito letal na população canina.
O tratamento é extremamente complexo porque o tutor do animal deverá dedicar-se à recuperação do cão enquanto o bichinho viver. Alguns animais respondem de forma satisfatória ao tratamento, outros não. Depois que o animal é diagnosticado e se submete a tratamento, ele vai precisar ser controlado e medicado durante toda a vida e tem que ficar protegido, para que os mosquitos não venham a picá-lo novamente, e deve ser submetido a exames periódicos para monitoramento.
Nos humanos, a transmissão acontece quando fêmeas do mosquito-palha infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, causador da Leishmaniose Visceral.
O calazar é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma enfermidade negligenciada porque não existe interesse econômico da indústria farmacêutica em investir nessas enfermidades. A doença tem um componente social porque atinge, na maioria dos casos humanos, pessoas de baixa renda, em especial crianças na faixa de zero a 14 anos de idade. “Cuidar da leishmaniose visceral é cuidar para que a gente evite a morte de crianças pobres, que não tenham uma condição de vida melhor no país,” disse Nélio.
O número de casos no Brasil está estabilizado há mais de 15 anos. A variação apresentada alcança entre 3 mil e 4 mil pessoas infectadas por calazar a cada ano. Todas as regiões brasileiras têm casos da enfermidade, sendo que 22 estados apresentam casos humanos e caninos. Por isso, é muito importante proteger o animal e, consequentemente, toda a família.