Internacional
Escócia não descarta ir à Justiça por referendo sobre independência
Primeira-ministra deixa claro que poderá buscar nas cortes aval para realização de novo referendo sobre independência do Reino Unido. Governo britânico rejeita pedidos e diz que escoceses já puderam votar
A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, voltou a defender nesta segunda-feira (30/11) a realização de um segundo referendo sobre a independência do seu país do Reino Unido.
Durante um congresso do seu partido, Sturgeon disse que levará a questão adiante se o Partido Nacional Escocês (SNP) vencer a eleição marcada para maio.
“No próximo mês de maio, pediremos ao povo escocês que nos dê confiança para continuar a construir um país melhor. Solicitarei a aprovação de vocês, e de mais ninguém, para que seja organizado rapidamente um referendo sobre a independência, assim que o novo parlamento for formado”, afirmou Sturgeon durante o evento do SNP.
O governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já disse que não dará permissão para um segundo referendo e argumentou reiteradas vezes que os escoceses já tiveram a oportunidade de se manifestar sobre essa questão.
Em declarações à emissora BBC, Sturgeon deixou claro que pode ir aos tribunais para contornar a necessidade de aprovação do governo britânico. “A questão sobre a concordância do governo em Westminster nunca foi testada nas cortes. Espero que nunca tenha que ser, mas não descarto algo assim”, disse.
No referendo de 2014, 55% dos escoceses votaram pela permanência no Reino Unido. No entanto, Sturgeon argumenta que o Brexit mudou as regras do jogo para os escoceses, que votaram por ampla maioria contra a saída da União Europeia em 2016.
Uma pequena maioria de eleitores no Reino Unido, 52%, votou por deixar a União Europeia. Mas quando considerada só a Escócia, uma ampla maioria de eleitores, 68%, escolheu permanecer no bloco europeu.
O apoio à independência está em alta na Escócia, com a aproximação do fim do período de transição pós-Brexit e após a muito criticada gestão da pandemia do novo coronavírus por Londres.
No início de outubro, uma sondagem atribuiu à líder escocesa um apoio público “muito forte”, satisfazendo 72% dos consultados com a sua gestão da pandemia.