Internacional
“Não podemos evitar medidas drásticas”, diz presidente alemão
Às vésperas de novo lockdown na Alemanha, presidente descreve situação no país como “extremamente séria”. “Precisamos agir de maneira ainda mais firme. Não podemos permitir que nosso sistema de saúde entre em colapso”
Pouco antes da entrada em vigor de uma nova fase de restrições contra a covid-19 na Alemanha, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, reforçou seu apelo à população no combate à pandemia. “A situação é extremamente séria”, disse ele nesta segunda-feira (14/12) no Palácio de Bellevue, em Berlim. “A partir de quarta-feira, nossa vida pública e privada será, portanto, mais restrita do que nunca na história da República Federal da Alemanha.”
O novo lockdown rigoroso, que a princípio irá valer até o dia 10 de janeiro, inclui o fechamento de escolas e creches, cabeleireiros e do comércio não essencial, além de estabelecer algumas restrições adicionais à vida pública. “Milhares de mortes em uma semana e casos de infecção que ameaçam sair de controle, não podemos evitar medidas drásticas,” justificou o presidente alemão.
Além do refreamento de grande parte da vida pública, foi solicitada a participação individual de cada cidadão no combate ao coronavírus. “Cada um de nós precisa se perguntar o que mais pode fazer para proteger a si mesmo e aos demais, especialmente aqueles que são extremamente vulneráveis,” apelou o presidente.
“Nosso objetivo principal é reduzir o número de infecções o mais rápido possível e mantê-lo num nível baixo. Isso só acontecerá se limitarmos, nas próximas semanas, nossos contatos e encontros radicalmente. Isso tem de acontecer rapidamente e amplamente, não podemos permitir que nosso sistema de saúde entre em colapso,” argumentou.
Recorde de infecções
O aumento de restrições também foi defendido pelo chefe de Estado diante do fracasso em conter o avanço das infecções com o chamado “lockdown parcial”, em vigor desde o início de novembro.
“Quando, diariamente, dezenas de milhares de pessoas contraem o vírus mortal e centenas morrem, quando médicos e enfermeiros em UTIs e asilos já atingiram seus limites: isso significa que nossos esforços para combater a pandemia não foram suficientes. Precisamos agir de maneira ainda mais firme.”
Neste domingo, a Alemanha registrou 20.200 novos casos e 321 mortes por covid-19 em 24 horas, segundo informações divulgadas pelo Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental alemã de controle e prevenção de doenças infecciosas. Já na sexta-feira, o país havia registrado números recordes, com 29.875 novas infecções e 598 mortes por covid-19 em 24 horas.
Apesar da alta incidência de infeções, Steinmeier tentou tranquilizar a população: “Nós não estamos à mercê do vírus. Depende de nós, e nós sabemos o que precisamos fazer.”
As novas medidas de restrição
Além do fechamento de creches e escolas e de estabelecimentos que oferecem produtos ou serviços não essenciais, empresas também foram orientadas a dispensar ou dar férias aos funcionários e a dar prioridade ao trabalho remoto.
Permanecem funcionando, contudo, estabelecimentos como farmácias, lojas de conveniência, postos de combustível, bancos e supermercados, além de feiras e serviços de entrega. Restaurantes continuam só podendo oferecer comida e bebida para viagem.
Encontros privados seguem limitados a um máximo de cinco pessoas de dois domicílios, como determinado pelas regras que vigoram desde novembro. Nos feriados de Natal, entre 24 e 26 de dezembro, devem ser permitidos encontros com outras quatro pessoas de fora do próprio domicílio, contanto que elas sejam parentes próximos. Menores de 14 anos não são considerados.
O consumo de álcool em locais públicos passa a ser proibido desta quarta-feira até 10 de janeiro. Durante as festividades de Ano Novo, estarão proibidas também as reuniões e aglomerações públicas, assim como a venda e a queima de fogos de artifício em público. Já os serviços religiosos continuam permitidos, inclusive nos feriados natalinos, mas sob regras de higiene e distanciamento mais severas do que as atualmente em vigor.
“As próximas semanas serão um desafio para todos nós”, admitiu Steinmeier no comunicado desta segunda. “Somos um país forte, porque nesta crise difícil muitas pessoas estão ajudando outras, e estão se superando. Nos últimos meses, todos nós percorremos um longo caminho. Vamos juntos até o fim, pensando uns nos outros. Tenho certeza de que a pandemia não roubará nosso futuro. Superaremos essa crise, isso tem que dar certo, e dará certo.”
O cargo de presidente na Alemanha
Na Alemanha, o presidente exerce a função de chefe de Estado, mas tem um papel quase meramente simbólico. Entre suas poucas atribuições executivas, estão a sanção de novas leis federais e a competência de assinar acordos e tratados internacionais. A política externa, porém, cabe ao governo, chefiado pelo(a) chanceler federal – atualmente, Angela Merkel.