Internacional
Alemanha exige libertação de detidos em atos pró-Navalny na Rússia
Ministro alemão do Exterior critica detenções de milhares de pessoas durante manifestações em favor do líder oposicionista. UE se reúne para debater formas de pressionar a Rússia
Os ministros do Exterior da França, Jean-Yves Le Drian, e da Alemanha, Heiko Maas, criticaram nesta segunda-feira (25/01) as detenções de milhares de pessoas no sábado na Rússia, durante manifestações de apoio ao opositor Alexei Navalny.
“A Constituição russa dá a todos o direito de expressar sua opinião e de participar de manifestações”, observou Maas em Bruxelas, onde ele participará de uma reunião da União Europeia (UE) para debater medidas para pressionar a Rússia. O ministro alemão ainda exigiu a libertação dos que foram detidos.
Le Drian disse que as detenções são um “desvio autoritário muito perturbador”. “O enfraquecimento do Estado de direito por essas detenções coletivas e preventivas é intolerável”, afirmou o ministro francês à emissora France Inter.
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, defendeu que a UE imponha sanções ao governo russo.
A polícia russa deteve cerca de 3.300 pessoas nos protestos de sábado em mais de cem cidades, segundo o OVD-Info, um grupo não governamental que contabiliza detenções por motivos políticos. Os manifestantes exigiam a libertação de Navalny.
Os atos ocorreram não apenas em Moscou e São Petersburgo, mas também em cidades de menor porte, como Novosibirsk, Nizhny Novgorod, Voronezh, Kazan e Jabarovsk.
Os Estados Unidos criticaram os “métodos brutais” usados pela polícia russa para reprimir os manifestantes e exigiram a libertação imediata do líder da oposição, além de considerar que há indícios de novos ataques às liberdades fundamentais da sociedade civil. A Rússia acusou Washington de ingerência em assuntos internos.
Gritos de “Putin, ladrão!” ou “Nós somos o poder!” foram ouvidos em todo o país nas manifestações a favor do líder da oposição.
Navalny foi detido ao retornar à Rússia em 17 de janeiro, depois de cinco meses na Alemanha, onde se recuperou de um envenenamento. Ele é acusado de violar as regras de liberdade condicional de uma condenação de 2014, fruto de um processo considerado politicamente motivado e declarado ilícito pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
Navalny deve permanecer em prisão preventiva até pelo menos 15 de fevereiro. Vários instituições internacionais e países, inclusive a União Europeia, já apelaram à libertação imediata do opositor russo.
Envenenamento
Em agosto de 2020, Navalny foi envenenado com um agente neurotóxico durante uma viagem à Sibéria, um ataque que ele atribui ao governo russo. Moscou vem rechaçando todas as imputações de ter envenenado o ativista.
Depois de ele ter sido transferido às pressas para tratamento em Berlim, cientistas de Alemanha, Suécia e França atestaram nele vestígios de Novichok, substância tóxica procedente da era soviética. O diagnóstico foi confirmado por testes da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).
O envenenamento do oposicionista russo e seu posterior tratamento na Alemanha têm sido objetos de atrito entre a Rússia e a União Europeia. No fim de 2020, a UE impôs proibições de ingresso e congelou as contas bancárias de diversas autoridades russas, entre as quais o diretor do serviço de inteligência russo FSB, Alexander Bortnikov.