Internacional
Prisões em massa em protestos pela libertação de Alexei Navalny
Em mais de 140 cidades da Rússia, manifestantes exigem pelo 2º fim de semana a liberdade do ativista detido após retornar de tratamento na Alemanha. Polícia realiza mais de 5 mil prisões, inclusive de Yulia Navalnaya
Durante os novos protestos em pelo menos 142 cidades de toda a Rússia, exigindo a libertação do líder oposicionista Alexei Navalny, a polícia bloqueou neste domingo (31/01) o centro de diversas cidades, incluindo a capital. Mais de 5 mil manifestantes foram detidos.
Cobertos por uma fina camada de neve, alguns locais do centro de Moscou lembram uma cidadela sitiada, com polícia antimotim em massa, armada de escudos e bastões. Várias ruas e estações de metrô foram fechadas, o que levou os manifestantes a mudarem à última hora o local da manifestação difundida pelas redes sociais.
Em vez de se concentrarem em frente à sede dos serviços de segurança FSB, como inicialmente combinado, alguns grupos dirigiram-se ao centro de detenções onde Navalny está preso, antes de se reunirem com outros ativistas no centro da capital.
“Renuncia, Putin!”
A correspondente da DW Emily Sherwin se referiu às manobras como “jogo de gato e rato”. Os manifestantes gritavam palavras de ordem como “Liberdade!”, “Putin ladrão!” e “Renuncia, Putin!”, noticiou a agência de notícias AFP.
De acordo com a organização OVD-Info, especializada em monitoração de manifestações, das 5.021 prisões de manifestantes em 80 cidades, pelo menos 800 ocorreram em Moscou. O Sindicato dos Jornalistas Russos registrou a detenção de pelo menos 35 profissionais.
A esposa do oposicionista, Yulia Navalnaya, também foi levada em custódia policial quando participava dos protestos, anunciaram membros da equipe da oposição. Ela já fora presa num dos atos do fim de semana anterior, que reuniram dezenas de milhares e resultaram em mais de 4 mil detenções e na abertura de cerca de 20 processos criminais.
O ativista Alexei Navalny, de 44 anos, tem sido alvo de múltiplos processos judiciais desde seu regresso à Rússia, em 17 de janeiro, após cinco meses de tratamento na Alemanha para se recuperar de um envenenamento com o agente nervoso Novichok. Ele responsabiliza o Kremlin pelo atentado, as autoridades russas rechaçam a acusação.
EUA condenam “táticas brutais”
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, condenou o procedimento das autoridades russas contra os manifestantes e apelou pela libertação do líder oposicionista.
“Os Estados Unidos condenam o uso contínuo de táticas brutais pela Rússia contra manifestantes pacíficos e jornalistas pela segunda semana consecutiva, e renova o seu apelo para que liberte os detidos, incluindo Alexei Navalny”, escreveu Bliken na rede social Twitter.
O Ministério russo do Exterior rebateu pelo Facebook: “A ingerência grosseira dos Estados Unidos nos assuntos internos da Rússia é um fato conhecido, assim como a divulgação de informações falsas e de apelos à participação em ações ilegais através de plataformas da Internet controladas por Washington.”