Internacional
China autoriza uso da Coronavac em toda a população
Vacina já estava sendo usada em caráter emergencial no país, mas em grupos limitados. Sinovac deverá pedir registro definitivo também à Anvisa, que recebeu a mesma solicitação da Pfizer e da AstraZeneca
O governo da China concedeu registro para uso comercial e mais amplo da Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, que agora poderá ser aplicada em toda a população do país, informaram autoridades neste sábado (06/02).
A aprovação pela agência reguladora de produtos médicos da China marca a segunda vacina produzida localmente a ser liberada para uso geral no país, depois de um imunizante desenvolvido pela empresa Sinopharm ter recebido o aval definitivo em dezembro.
A Coronavac já vinha sendo aplicada desde julho de 2020 em território chinês, mas em caráter emergencial, sendo limitada a grupos mais vulneráveis ao coronavírus. Com a nova aprovação, toda a população poderá agora ter acesso à vacina.
Com as pesquisas ainda em andamento, a Sinovac será obrigada a apresentar dados de acompanhamento às autoridades, bem como relatórios de qualquer efeito colateral que venha a surgir após a vacina ser vendida no mercado. Os dados completos dos ensaios clínicos de fase 3 deverão ser publicados em breve em uma revista científica, disse um porta-voz do laboratório.
Com o aval na China, a Sinovac deverá fazer o mesmo pedido de registro definitivo à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que até então aprovou apenas o uso emergencial da vacina no Brasil. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a solicitação poderá ser feita já na próxima semana.
A Coronavac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, já foi vendida a pelo menos dez outros países e também recebeu autorização emergencial em nações como Chile, Colômbia, Uruguai, Indonésia e Turquia.
Em testes realizados no Brasil, a Coronavac obteve uma eficácia geral de 50,38%. O índice indica a capacidade da vacina de proteger contra todos os casos da doença, independente da gravidade.
O imunizante requer duas doses para atingir sua eficácia máxima de proteção, e pode ser armazenado em temperatura de geladeira, o que facilita a logística de distribuição pelo país.
Disputa política no Brasil
No Brasil, a Coronavac esteve no centro de uma disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu desafeto. Enquanto o governo paulista fechava acordo com a Sinovac para a compra da vacina, o presidente por muito tempo criticou o imunizante chinês e afirmou várias vezes que o governo federal não o compraria.
Quando São Paulo anunciou um plano estadual de vacinação independente do governo federal em dezembro, Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mudaram de estratégia e passaram a correr atrás da imunização.
Por falta de doses da vacina da AstraZeneca-Oxford, aposta do governo federal, a vacinação no Brasil teve início com a Coronavac, em 17 de janeiro, mesmo dia em que a Anvisa aprovou o uso emergencial de ambos os imunizantes no país.
Pfizer pede registro definitivo
Enquanto a Sinovac deverá pedir o registro definitivo à Anvisa em breve, a agência já recebeu solicitação para uso definitivo da vacina da AstraZeneca-Oxford. O prazo de análise é de 60 dias.
Neste sábado, a Pfizer, por sua vez, também enviou um pedido de registro definitivo de seu imunizante à Anvisa. A vacina, que não foi aprovada ainda para uso emergencial no Brasil, é desenvolvida em parceria com a empresa alemã Biontech e é uma das que estão sendo testadas no país em ensaios clínicos de fase 3.
O governo federal chegou a acertar um memorando de entendimento com a empresa para a compra de 70 milhões de doses da vacina contra a covid-19, mas desde então as negociações não avançaram.
Em comunicado, a Anvisa afirmou que o processo de concessão do registro definitivo “é a avaliação completa com dados mais robustos dos estudos de qualidade, eficácia e segurança, bem como do plano de mitigação dos riscos e da adoção das medidas de monitoramento”.