Internacional
EUA: agentes que asfixiaram homem negro nem serão julgados
Daniel Prude foi detido, teve um capuz colocado em sua cabeça até perder a consciência e morreu uma semana depois. Júri popular decide que agentes não devem ir a julgamento
A Justiça americana eximiu nesta terça-feira (23/02) a polícia de responsabilidade no caso de Daniel Prude, um homem negro que morreu uma semana depois de ser detido de forma violenta e perder a consciência em Rochester, no estado de Nova York.
A prisão ocorreu em março passado, mas as imagens da detenção vieram a público apenas em setembro, gerando uma onda de protestos no estado de Nova York.
Prude, de 41 anos, sofria de problemas de saúde mental. Ele visitava o irmão em março quando aparentemente teve um surto psicótico. Ele correu pela rua pelado e foi algemado pelos policiais.
Em seguida, os policiais colocaram um capuz especial em sua cabeça, um dispositivo conhecido como spit hood e usado para evitar que os detidos cuspam ou mordam. Na época, o estado de Nova York estava no estágio inicial da epidemia de coronavírus
O vídeo mostra um dos policiais segurando o capuz na cabeça de Prude com as duas mãos antes de ele desmaiar. O jovem estava desarmado, e morreu uma semana depois sem nunca ter recuperado a consciência.
A decisão de não indiciar os policiais envolvidos na detenção foi tomada por júri popular. Na Justiça americana, é comum que promotores levem evidências de um caso ao júri antes de iniciar um julgamento.
“Estou extremamente decepcionada”, disse a procuradora-geral do estado Letitia James, enquanto explicava que os jurados têm a palavra final no caso. “Buscamos um resultado diferente daquele que o grande júri nos entregou hoje.”
Polícia tentou ocultar circunstâncias da morte
O médico legista considerou a morte de Prude um homicídio devido a “complicações de asfixia no estabelecimento de contenção física”. Mas durante meses relatórios policiais mostraram a causa do óbito como overdose.
Arquivos oficiais mostraram ainda que o Departamento de Polícia de Rochester tentou ocultar as circunstâncias da morte de Prude. Após o caso, o comandante da polícia foi dispensado.
Ao todo, o grande júri livrou sete agentes envolvidos na morte de Prude: Josiah Harris, Francisco Santiago, Paul Ricotta, Andrew Specksgoor, Mark Vaughn, Troy Taladay e Michael Magri.
A morte de Prude ocorreu dois meses antes da de George Floyd, outro cidadão negro morto enquanto estava sob custódia da polícia. O caso Floyd, em Minneapolis, alavancou massivos protestos contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos e em outros cantos do mundo.