Internacional
Comissária da UE diz que é preciso “agir agora” contra o Facebook
Responsável pela pasta da Concorrência na UE, Margrethe Vestager diz à DW que prevê disputas jurídicas intermináveis com empresa, mas que democracias precisam se unir para limitar os danos causados pela plataforma
A comissária europeia para a Competição, Margrethe Vestager, disse à DW nesta terça-feira (26/10) que desmembrar o Facebook pode levar “anos” e que os líderes devem agir rapidamente antes que a plataforma cause mais danos.
Questionada se o Facebook já havia se tornado muito grande e poderoso a ponto de impedir qualquer mudança, Vestager disse que esse quadro “não é para a nossa democracia”.
Ela disse que as democracias unidas podem fazer mudanças reais na forma como o Facebook opera suas plataformas, e disse que as regulamentações precisam ser mais rígidas ao lidar com empresas que podem exercer “imensa influência” sobre a democracia e sobre a saúde mental das pessoas.
“Juntos podemos fazer mudanças reais”, disse Vestager. “E fazer o Facebook avaliar o risco que eles podem representar para a saúde mental dos jovens, e ter pessoas do lado de fora examinando essa avaliação para ver se as coisas estão sendo corrigidas, isso seria um passo importante.”
“Também precisamos regulamentar muito mais se estamos lidando com alguém que pode ter uma influência imensa tanto na saúde mental, mas também na forma como nossa democracia se desenvolve”, acrescentou ela, explicando que a Comissão Europeia preparou uma legislação que equilibra a necessidade de preservar liberdade de expressão, mas também suprimir coisas que “são ilegais offline”, como o incitamento à violência.
Batalhas legais
Vestager admitiu, no entanto, que qualquer disputa jurídica com o Facebook provavelmente será longa.
O gigante da mídia social “nos levaria ao tribunal por anos sem fim”, disse. Mas ela mantém a esperança de que se a UE puder “agir agora para que as coisas mudem”, então “as pequenas empresas podem ter acesso total ao mercado”, e gigantes da mídia social como o Facebook teriam que assumir a responsabilidade pelos danos que causaram.
Os comentários da política dinamarquesa foram feitos em um momento em que o Facebook está sob imenso escrutínio. No início deste mês, a denunciante Frances Haugen, ex-funcionária da rede social, detalhou que o Facebook sabia que estava sendo usado para promover violência e não fez nada para impedir essa situação.
Na segunda-feira, uma coleção de documentos internos vazados mostrou que o Facebook repetidamente colocou seus lucros à frente da segurança do usuário.