Internacional
Saiba o que é a COP26, que começou domingo (31), e a importância dela para o planeta
Organizada pela ONU, a expectativa é que a COP26 seja um ponto de virada para um mundo mais seguro e verde para humanidade
Começou neste domingo, 31, em Glasgow, na Escócia, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26).
Mas o que se sabe sobre o evento e por que ele realmente importa?
Em um mundo abalado pela pandemia da Covid-19, a Conferência da ONU é uma janela de oportunidades para se evitar uma catástrofe climática, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Sem uma ação decisiva, vamos jogar fora a nossa última oportunidade de, literalmente, salvar o planeta”, disse.
O que é a COP26?
A COP26 é a maior e mais importante conferência sobre o clima do planeta.
Em 1992, as Nações Unidas organizaram um evento no Rio de Janeiro, a Cúpula da Terra, quando foi adotada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Unfccc.
Naquele tratado, as nações concordaram em “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera” para prevenir uma interferência perigosa da atividade humana no sistema climático. Atualmente, o acordo tem 197 signatários.
Desde 1994, quando o acordo entrou em vigor, a ONU reúne anualmente quase todos os países do planeta para as cúpulas globais sobre o clima, ou as “COPs”, que significa “Conferência das Partes”.
Este deveria ser o 27° encontro anual, mas devido à Covid-19, houve um atraso de um ano, já que o encontro de 2020 foi adiado – por isso, a designação COP26.
O que acontece na COP26? Já não bastam os encontros sobre o clima?
Várias “extensões” ao tratado Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima foram negociadas durante as COPs para estabelecer limites de emissões de gases para cada país, e para definir um mecanismo para avaliar o cumprimento das redução.
Entre elas está o Protocolo de Kyoto, de 1997, que definiu qual o limite de emissões que os países desenvolvidos deveriam alcançar até 2012; e o Acordo de Paris, adotado em 2015, onde todos os países do mundo concordam em aumentar os esforços para limitar o aquecimento global em 1,5°C acima das temperaturas da era pré-industrial, e ampliar o financiamento em ações climáticas.
Neste cenário, a COP26 ganha mais destaque. Nesta conferência, entre outros assuntos, os países deverão finalizar o “Regulamento de Paris”, ou as regras necessárias para implementar o acordo de 2015.
Desta vez, os países precisarão entrar num acordo sobre prazos e acompanhamento dos compromissos climáticos.
Basicamente, Paris fixou a meta, limitando o aquecimento global para abaixo de dois graus celsius (o ideal seria 1,5°C), mas Glasgow é a última chance de tornar isso realidade.
A COP26 é a última chance de salvar o planeta?
Como uma jiboia que espreme lentamente sua presa até a morte, a mudança climática passou de um ‘desconforto’ para uma emergência global com risco de vida em apenas três décadas.
Embora alguns países tenham assumidos compromissos antes da COP26, o mundo continua no caminho para um perigoso aumento da temperatura global de pelo menos 2,7°C neste século, mesmo se as metas de Paris forem cumpridas.
Um aumento de temperaturas dessa magnitude até o final do século pode significar, entre outras coisas, um aumento de 62% nas áreas queimadas por incêndios florestais, a perda de habitat de um terço dos mamíferos no mundo e secas mais frequentes.
O chefe da ONU, António Guterres, chama esse cenário de “catástrofe climática”, que já está sendo sentida em um grau mortal nas partes mais vulneráveis do mundo, como a África Subsaariana e os pequenos Estados insulares, atingidos pela elevação do nível do mar.
Milhões de pessoas já estão sendo deslocadas e mortas por desastres agravados pelas mudanças climáticas.
Para Guterres e centenas de cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Ipcc, um cenário de aquecimento de 1,5 °C é o “único futuro habitável para a humanidade”.
China e os Estados Unidos já não se comprometeram com emissão zero?
O mais recente Relatório de Emissões da ONU mostra que um total de 49 países, mais a União Europeia, prometeram zerar as emissões.
Isso cobre mais da metade das emissões domésticas globais de gases de efeito estufa, mais da metade do PIB global e um terço da população global. Onze metas estão aprovadas por lei, cobrindo 12% das emissões globais.
Parece ótimo, certo? Mas há um problema: muitos dos compromissos só serão atingidos depois de 2030, levantando dúvidas sobre o alcance deles. Além disso, muitas dessas promessas são consideradas “vagas” e inconsistentes com os compromissos nacionais apresentados oficialmente.
Isso revela à razão pela qual a COP26 é tão importante. “Já passou o tempo das sutilezas diplomáticas. Se os governos, especialmente os do G20, não se levantarem e liderarem esse esforço, caminharemos para um terrível sofrimento humano”, alerta Guterres.
O que exatamente a COP26 espera alcançar?
As negociações oficiais acontecem ao longo de duas semanas. A primeira inclui negociações técnicas por funcionários do governo, seguidas por reuniões ministeriais de alto nível e de chefes de Estado.
Quatro pontos que serão discutidos durante a COP26:
1. Garantir que o mundo elimine as emissões de carbono até meados do século e mantenha a meta de não ultrapassar o aumento da temperatura global em 1,5°C; Para isso, os países precisam acelerar a eliminação do carvão, conter o desmatamento e impulsionar a mudança para economias mais verdes. Mecanismos de mercado de carbono também farão parte das negociações.
2. Adaptação para proteger as comunidades e habitats naturais; Como o clima já está mudando, os países já afetados pelas mudanças climáticas precisam proteger e restaurar os ecossistemas, bem como construir defesas, sistemas de alerta e infraestrutura resiliente.
3. Mobilizar finanças; Na COP15, países prometeram doar US$ 100 bilhões por ano para ajudar as nações em desenvolvimento na adaptação às mudanças climáticas e mitigar aumentos de temperatura. A promessa não foi cumprida e a COP26 será fundamental para garantir recursos, com a ajuda de instituições financeiras internacionais.
4. Trabalho conjunto; estabelecer colaborações entre governos, empresas e sociedade civil para operacionalizar o Acordo de Paris.