Internacional
Cidades italianas limitam água apenas para o consumo
Devido a uma intensa seca que atinge o norte do país, 170 municípios da região de Piemonte proibiram qualquer uso que não seja para alimentação
Cerca de 170 cidades da região de Piemonte, no norte da Itália, limitaram o uso da água apenas para consumo alimentar, anunciou nesta sexta-feira (17/06) o governador local, Alberto Cirio, diante da grave seca que atinge a área, a pior em 70 anos.
“No momento, a situação está sob controle no que diz respeito ao uso civil da água potável, mas temos um estado de emergência muito grave na agricultura”, afirmou.
Em Piemonte, 170 municípios aprovaram decretos sobre o “uso responsável da água potável”, proibindo qualquer uso que não seja para alimentação. Na província de Novara, 10 cidades cortaram o abastecimento durante a noite.
Na comuna de Turim, que abriga a capital da região, há 80 localidades que limitaram o consumo de água e três que tiveram que recorrer a caminhões-tanque.
A região de Piemonte já enviou a Roma o pedido de declaração de estado de emergência, assim como sua vizinha Lombardia, ambas abastecidas pelo rio Pó, o maior do país.
Perdas na agricultura
A Confederação Italiana de Agricultores (CIA) advertiu que a região da bacia do Pó corre o risco de perder metade da produção agrícola e apelou ao governo para que tome medidas como turnos para irrigação e melhorias na infraestrutura hidrológica.
A CIA estima perdas de 1 bilhão de euros. Se não chover nessas regiões aos pés dos Alpes nas próximas semanas, serão perdidos legumes e frutas, como tomate e melancia, reduzindo a oferta no mercado de 30% ou 40%.
A seca também afetará o cultivo de milho e soja em um momento em que o mundo já enfrenta problemas no abastecimento de cereais devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, ambos grandes exportadores mundiais de grãos.
Para a Autoridade Nacional da Bacia do Pó (ABDPo), a região vive a pior seca das últimas sete décadas devido à falta de neve e de chuvas, o que praticamente esvaziou o rio em vários pontos.
Apesar de ser a região mais afetada, o problema não se limita apenas ao norte, mas se espalha “rapidamente” para o centro e o sul do país, segundo o observatório de recursos hidrológicos da Associação Nacional dos Consórcios de Gestão e Proteção de Terras e Águas Irrigadas (ANBI).