AGRICULTURA & PECUÁRIA
Agência alerta para severo déficit de trabalho em áreas rurais pelo mundo
Organização Internacional do Trabalho, OIT, diz que é preciso aumentar a proteção social para todos, especialmente após a pandemia; líderes sindicais e outros representantes dos trabalhadores falam em urgência e prioridade
Cerca de 80% das pessoas mais pobres do mundo vivem em áreas rurais. E muitas estão enfrentando um déficit severo de trabalho. A informação resulta de um estudo que tem a coautoria da Organização Internacional do Trabalho, OIT.
No documento, divulgado nesta quinta-feira, a agência da ONU cita segurança inadequada no trabalho, baixos salários, falta de estabilidade e horas extras em excesso com mulheres e jovens trabalhadores sendo os mais afetados.Trabalhadores em colheita em uma fazenda em Roma, Itália
Crianças, mulheres grávidas e amamentando
O novo relatório foi compilado pelo Escritório para Atividades dos Trabalhadores, Actrav na sigla em inglês, e a Organização Internacional do Trabalho, OIT.
O texto “Déficit de Trabalho Decente entre Trabalhadores Rurais” é baseado em 16 casos de estudo em 15 países de regiões como África, Ásia, Ásia Central, Europa e América Latina.
O estudo concluiu que a exposição a químicos traz sérios riscos de saúde para produtores agrícolas especialmente crianças, mulheres grávidas e amamentando.
As trabalhadoras estão desproporcionalmente representadas nos postos mais precários. As mulheres também tendem a ocupar posições mal pagas, e não qualificadas, sofrem brechas enormes de pagamento baseadas em gênero, e estão mais propensas a enfrentar assédio e abuso em comparação aos homens trabalhadores.Mulheres e meninas em área rural da África do Sul
Dívidas com os patrões
O trabalho infantil, trabalho forçado e dívidas que deixam as pessoas em condições análogas a de escravidão e prisão seguem acontecendo. Até 95% das crianças em trabalhos perigosos atuam na agricultura principalmente em plantações de cacau, tabaco e óleo de palma.
O trabalho forçado segue ocorrendo em alguns setores e geralmente em situações de dependência dos empregadores.
Já o diálogo social fraco e barreiras para acessar organizações trabalhistas continuam a ser enfrentados pelos empregados. Em muitas áreas, não existem sindicatos, e existe preocupação com a falta de participação de trabalhadores autônomos e mulheres.Mulheres em área rural de Angola
Recomendações e melhorias
A proteção social para os empregados permanece um sonho, em muitos casos.
Os organizadores do estudo recomendam o fortalecimento de administração trabalhista em áreas rurais econômicas assim como melhorias da capacidade em economias no campo, sindicatos de trabalhadores e organizações de base.
Outra proposta é a adesão e ratificação das Convenções relevantes da OIT e tratados internacionais.
Para a agência da ONU, é preciso fortalecer também a preparação para crises, proteção social e realizar mais pesquisas para melhor entender a resposta aos desafios dos trabalhadores na agricultura.