Internacional
BCE eleva taxa de juros pela primeira vez em 11 anos
Conselho do Banco Central Europeu decidiu tomar novas medidas para assegurar que a inflação retorne à meta de 2% no médio prazo, a partir dos atuais 8,6%. Taxa básica de juros subiu de -0,5% para 0%
O Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu nesta quinta-feira (21/07) ao aumentar a taxa básica de juros pela primeira vez em 11 anos, elevando o patamar em meio ponto percentual, de -0,5% para 0%. A taxa de refinanciamento foi de 0% para 0,5%, e a de empréstimo subiu de 0,25% para 0,75%.
Desde meados de junho de 2014, a taxa estava em patamar negativo. Em comunicado, o Conselho do BCE disse que decidiu “tomar novas medidas importantes para assegurar que a inflação volte à meta de 2% a médio prazo”.
Com a medida, a instituição tenta conter o avanço da inflação na zona do euro, que em junho bateu o recorde de 8,6% em relação ao mesmo mês de 2021.
Com os preços decolando, o euro desvalorizando em relação ao dólar e outros bancos centrais antecipando altas maiores, o BCE estava sob pressão para tomar uma medida de impacto na reunião desta quinta-feira.
Desta forma, o BCE disse que sua nova avaliação dos riscos de inflação justifica dar “um primeiro passo maior em sua trajetória de normalização da taxa básica do que o sinalizado na reunião anterior”, em junho, quando os formuladores de políticas compartilharam a intenção de aumentar as taxas em 0,25% – uma subida bem mais modesta do que a anunciada nesta quinta-feira.
Segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde, nas próximas reuniões serão necessárias novas altas das taxas de juro, que dependerão dos dados do mercado.
De acordo com o BCE, os aumentos futuros das taxas “serão apropriados”, uma vez que a instituição procura alcançar os bancos centrais dos Estados Unidos (Fed) e da Inglaterra, que começaram a aumentar as taxas mais cedo e de forma mais agressiva.
Novo mecanismo
O BCE também decidiu aprovar o Instrumento de Proteção à Transmissão (TPI), mecanismo para evitar o aumento dos prêmios de risco em alguns países da zona do euro.
O novo instrumento “é necessário para apoiar a transmissão efetiva da política monetária”, disse o banco no comunicado. Enquanto o BCE aumentar os juros, o TPI garantirá a transmissão sem problemas da orientação da política monetária a todos os países da zona do euro.
O TPI será adicionado ao conjunto de ferramentas do BCE e pode ser ativado para combater dinâmicas de mercado indesejadas ou desordenadas que representam uma séria ameaça à transmissão da política monetária na área do euro como um todo. “O tamanho das compras sob o TPI dependerá da gravidade dos riscos para a transmissão de políticas”, esclareceu o BCE.
Para conter o aumento dos prêmios de risco dos países periféricos, o BCE vem reinvestindo desde 1º de julho os títulos de dívida que comprou durante a pandemia de covid-19 e que vencem de forma flexível.
Mas a medida não é suficiente no caso de uma grandes turbulência, como está acontecendo agora na Itália, país altamente endividado que enfrenta uma nova crise política. O BCE aprovou esse novo instrumento justamente para frear a especulação sobre os mercados.