Internacional
Quem é o jovem que teria vazado documentos secretos dos EUA
Jack T., de 21 anos, um membro da Guarda Aérea Nacional, foi preso nesta quinta pelo FBI. “Washington Post” diz que responsável pelo vazamento é entusiasta de armas e membro ativo de plataforma de fãs de videogame
A pessoa por trás do vazamento de documentos altamente sigilosos do governo dos Estados Unidos é um jovem aficcionado por armas que trabalhou em uma base militar e compartilhou o material em um grupo de chat privado, informou o jornal The Washington Post. O jovem, identificado como Jack T.*, de 21 anos, um membro da Guarda Aérea Nacional de Massachusetts, foi preso nesta quinta-feira (13/04) pelo FBI, a polícia federal americana.
As autoridades americanas não confirmaram a autenticidade dos documentos, que são relacionados à guerra na Ucrânia e a aliados dos EUA. As imagens desses documentos circulam nas plataformas de mídia social há semanas e provocaram irritação entre alguns aliados de Washington desde que a mídia começou a reportar sobre o vazamento.
Dois membros de um grupo de bate-papo na Discord – mídia social popular entre aficionados por videogames – disseram ao jornal que centenas de páginas de material foram postadas na plataforma por Jack T., que lhes disse que trabalhava em uma base militar dos EUA e que levou os documentos para casa.
Clube de tiro
Jack T., identificado pelo apelido de “OG”, postou regularmente documentos no grupo de bate-papo por meses, disseram os membros do grupo ao jornal, falando sob condição de anonimato. Algumas informações nos documentos eram tão sensíveis que foram marcadas como “NOFORN”, o que significa que não deveriam ser compartilhadas com estrangeiros, segundo o Washington Post.
Jack T. foi descrito por um fã de armas “com uma visão sinistra” sobre o governo dos EUA, as autoridades de segurança e os serviços secretos americanos.
“Um membro do grupo disse que ele falava dos Estados Unidos e particularmente da aplicação da lei e da comunidade de inteligência como uma força sinistra que buscava reprimir seus cidadãos”, afirma o periódico.
Em um vídeo ao qual o Washington Post teve acesso, o jovem pode ser visto usando um fuzil num clube de tiro. Enquanto ele faz vários disparos contra um alvo, grita xingamentos racistas e antissemitas.
Só para convidados
O grupo de bate-papo de cerca de 24 pessoas, incluindo da Rússia e da Ucrânia, se formou durante a pandemia, em 2020, unindo membros que compartilhavam o “amor mútuo por armas, equipamentos militares e Deus”. A sala era um “clube apenas para convidados”, informou o diário.
OG disse aos membros do grupo que passava “parte do dia dentro de uma instalação segura que proibia telefones celulares e outros dispositivos eletrônicos”, informou o jornal. Ele também disse a eles que “trabalhava por horas” reproduzindo os documentos sigilosos “para compartilhar com seus companheiros no servidor da Discord”, relatou o jornal.
Mais tarde, ele começou a tirar fotos dos documentos, após imprimi-los, e as compartilhava com o grupo. “Quando copiar centenas de arquivos confidenciais à mão se mostrou muito cansativo, ele começou a postar centenas de fotos de documentos”, relatou o Washington Post.
OG disse aos outros membros do grupo para não compartilhar os documentos e que ele não pretendia ser um whistleblower (denunciante), informou o jornal, citando um dos amigos dele.
Investigação em curso
Dezenas de fotografias de documentos foram encontradas no Twitter, Telegram, Discord e outros sites nos últimos dias, embora algumas possam ter circulado online por semanas, senão meses, antes de começarem a receber atenção da mídia.
O Pentágono diz que o caso representa um “risco muito sério para a segurança nacional”, o que levou o vazamento a ser alvo de uma investigação criminal pelo Departamento de Justiça dos EUA.
As autoridades americanas não confirmaram publicamente que os materiais mostrados nas fotos são genuínos, e sua autenticidade não pode ser imediatamente verificada de forma independente.
Entre outras coisas, os documentos revelados pelo vazamento expõem as preocupações dos EUA sobre a viabilidade de uma contraofensiva ucraniana contra as forças russas e sugerem que Washington espionou os aliados Israel e Coreia do Sul.
O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que Washington esteve contatando aliados e parceiros em “níveis muito altos” após a divulgação dos documentos.