Internacional
Joe Biden confirma que concorrerá à reeleição em 2024
Aos 80 anos e sem adversários dignos de nota em seu partido, veterano democrata será o candidato presidencial mais idoso da história dos EUA. Temor de um retorno de Trump ao poder é fator que une o eleitorado de Biden
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou formalmente nesta terça-feira (25/04) que concorrerá à reeleição em 2024. “Toda geração tem um momento em que tem que se erguer pela democracia, se erguer por suas liberdades fundamentais”, escreveu num tuíte acompanhado por um vídeo de três minutos. “Acho que este é o nosso [momento]. Por isso estou concorrendo à reeleição como presidente dos EUA. Unam-se a nós. Vamos terminar o trabalho”.
Com 80 anos, ele deve se tornar o candidato presidencial mais idoso da história do país, uma vez que, após uma série de grandes vitórias legislativas e lutas tremendas na política externa em seus dois primeiros anos no cargo, não tem nenhum concorrente digno de nota dentro do Partido Democrata.
Contudo, numa campanha que pode redundar na reedição do confronto de 2020 com Donald Trump, o veterano democrata deve contar com questionamentos constantes e ferrenhos quanto a sua idade: ele contará 86 anos ao fim de um eventual segundo mandato.
Mesmo com um exame médico em fevereiro o tendo declarado “apto” a desempenhar suas funções, para muitos, também de seu próprio eleitorado, ele estaria velho demais.
Segundo uma consulta da emissora NBC News, divulgada no último fim de semana, 70% dos americanos, inclusive 51% dos democratas, acham que Biden não deveria concorrer. Entre todos que responderam negativamente, 69% citaram a idade como um fator mais ou menos relevante. No entanto, 60% dos eleitores também não querem Trump.
Biden escolheu esta terça-feira, dia 25 de abril, para oficializar suas intenções porque a data marca quatro anos desde que ele lançou a campanha eleitoral que o levou à Casa Branca após derrotar Trump nas eleições de 2020.
Kamala de novo como vice
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, afirmou que voltará a concorrer ao lado de Biden: “Como americanos, acreditamos na liberdade e acreditamos que nossa democracia só será tão forte quanto nossa vontade de lutar por ela”, disse a vice-presidente em sua conta no Twitter.
“É por isso que Joe Biden e eu estamos concorrendo à reeleição”, acrescentou em uma breve mensagem que acompanha o vídeo intitulado “Liberdade”, com o qual o atual presidente democrata anuncia sua candidatura à reeleição.
“Esta campanha será impulsionada por pessoas conversando com seus amigos, familiares e vizinhos sobre o que está em jogo. Joe Biden e eu precisamos de você conosco”, escreveu em outro post no Twitter, com uma foto dos dois acompanhada de um link para o site de doação para campanha.
As mensagens de Harris, de 58 anos, foram publicadas momentos depois de Biden anunciar a candidatura à reeleição.
Apoio de democratas
Vários políticos democratas manifestaram apoio a Biden, entre eles o ex-presidente Barack Obama e a ex-candidata à Casa Branca Hillary Clinton.
Obama disse no Twitter que sente “orgulho” por Biden, que foi seu vice-presidente e com quem desenvolveu um forte vínculo de amizade.
“Tenho orgulho de tudo que Joe Biden e seu governo realizaram nos últimos anos. Ele entregou o que prometeu para o povo americano e continuará a fazê-lo assim que for reeleito. Vamos trabalhar!”, escreveu Obama em uma mensagem na qual adicionou um link para o site oficial da campanha do presidente.
Hillary Clinton também manifestou via Twitter seu apoio a Biden e à vice-presidente Kamala Harris, a primeira mulher a chegar a esse cargo.
“Joe e Kamala são as melhores pessoas para o trabalho de defender a democracia, lutar por nossos direitos e garantir que todos tenham uma chance”, declarou Hillary, que foi derrotada por Trump nas eleições de 2016 e foi secretária de Estado no governo Obama entre 2009 e 2013.
O senador independente Bernie Sanders também apoiou a candidatura à reeleição de Biden.
“Farei tudo o que puder para garantir que o presidente seja reeleito”, afirmou.
Sanders disse que não concorrerá às eleições de 2024 e desencorajou qualquer outro candidato progressista a fazê-lo.
“A última coisa que o país precisa é de um Donald Trump ou qualquer outro demagogo de direita que vai tentar minar a democracia americana ou retirar o direito de escolha às mulheres ou ignorar a crise da violência com armas, o racismo, o sexismo e a homofobia”, disse Sanders, de 81 anos.
Em 2020, Sanders desistiu de disputar a indicação do Partido Democrata à presidência, deixando o caminho livre para Biden.
Biden x Trump – de novo?
Biden costuma responder a tais ressalvas com “Fiquem só me olhando”, ou seja: os eleitores devem se concentrar nas vitórias políticas dele e na forma como vem liderando uma aliança ocidental sem precedentes, a fim de ajudar a Ucrânia a se defender da invasão pela Rússia.
No próximo ano e meio, Biden terá todas as vantagens de ser o chefe de Estado em exercício, respaldado por um partido unido. Enquanto isso, os republicanos estão apenas começando uma caótica fase primária.
De longe, o favorito entre os candidatos da oposição é Trump, de 76 anos – apesar de ser o primeiro presidente americano a ser indiciado criminalmente, e de estar sendo investigado por suas tentativas de reverter a vitória democrata no pleito de 2020.
Seu adversário interno mais provável é o governador da Flórida, Ron DeSantis, com um perfil direitista comparável, porém, aos 44 anos, muito mais jovem.
Do lado democrata, até agora, apenas duas figuras declararam sua intenção de concorrer à indicação: o advogado ambiental e ativista antivacina Robert F. Kennedy, sobrinho do presidente John F. Kennedy (1961-1963), e a autora de livros de autoajuda Marianne Williamson.
O Comitê Nacional Democrata, no entanto, endossa totalmente Biden e já disse que não planeja organizar debates de primárias.
De fato, o Comitê Nacional Democrata mudou o calendário das primárias para atender aos desejos do presidente, dando prioridade à Carolina do Sul, onde Biden ganhou força em 2020, após derrotas retumbantes em Iowa e New Hampshire, tradicionalmente os primeiros estados a votar.
“Compare-me com a alternativa”
Reforçando suas credenciais na política externa, Joe Biden encontra-se nesta terça-feira com o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, que inicia uma visita oficial à Casa Branca.
Assim como em 2020, a mensagem de vídeo no Twitter situa a candidatura de Biden como uma luta para defender a democracia de Trump e dos republicanos cada vez mais de extrema direita. Por outro lado, também coloca em evidência seu programa de restaurar uma economia fortemente focada na base industrial e em empregos para a classe média.
Há mais de um ano e meio os níveis de aprovação popular de Biden não ultrapassam 50%. No entanto, ele tem sempre superado as expectativas nas questões realmente importantes. Para seus apoiadores, o desempenho surpreendente dos democratas nas eleições de meio de mandato para o Congresso, em 2022, confirma a força do candidato Biden.
Poucos fatores solidarizam tanto os eleitores democratas em torno dele quanto a perspectiva de um retorno de Trump ao poder. Embora pareça “morno” em comparação, Biden aposta em sua imagem moderada, antiquada, como arma secreta numa época cada vez mais extremada; e em seus 50 anos de experiência em Washington. Ele costuma comentar: “Meu pai tinha uma expressão: ‘Joey, não me compare com o Todo-Poderoso, compare-me com a alternativa.'”