Internacional
Afeganistão: explosivos improvisados causaram 75% de mortes e ferimentos
ONU aponta uso de engenhos como preocupação expressiva; mais de mil pessoas perderam a vida em ataques após o retorno do Talibã ao poder; aumentam ocorrências em locais de culto e contra a comunidade minoritária Hazara
Um novo relatório das Nações Unidas sobre o Afeganistão revela que 1.095 civis perderam a vida em ataques ocorridos desde a tomada do poder pelo Talibã.
O levantamento da Missão da ONU no Afeganistão, Unama, confirma 3.774 mortes e ferimentos entre a população que aconteceram entre meados de agosto de 2021 e final de maio deste ano.
Segurança dos afegãos
O documento apela para a suspensão imediata dos ataques e reitera que as autoridades Talibã são responsáveis pela segurança dos afegãos.
Um terço foi vítima de dispositivos explosivos improvisados. Grande parte desses atos partiu do Estado Islâmico na província de Khorasan, afiliado ao Daesh.
Para a chefe do Serviço de Direitos Humanos da Unama, tais ataques das milícias sunitas contra civis e bens da população são condenáveis e devem parar. Fiona Frazer instou ao Talibã a “manter sua obrigação de proteger o direito à vida” do povo afegão.
Sem especificar números, o relatório defende haver um “número significativo” de episódios violentos que nunca foram reivindicados ou que a missão não poderia atribuir a nenhum grupo.
Vítimas civis
A publicação revela que outra preocupação é a alta taxa de “a letalidade dos ataques suicidas”, que ocorrem desde o retorno do Talibã ao poder.
Os atos ocorrem em meio a uma crise econômica e financeira. Com a queda acentuada no financiamento de doadores com a subida do Talibã ao poder, as vítimas têm mais dificuldade de acesso ao “apoio médico, financeiro e psicossocial”.
O uso de dispositivos explosivos improvisados continua sendo uma preocupação significativa no Afeganistão, pelo aumento de episódios em locais de culto e contra a comunidade minoritária Hazara.
Apesar do declínio geral de violência desde o retorno do Talibã, a Unama aponta o uso indiscriminado em áreas populosas, incluindo centros religiosos, escolas e mercados.