Internacional
Declaração de Nairobi mobiliza investimentos para ação climática
Compromisso reflete consenso de líderes africanos sobre riscos para o continente e necessidades de investimento; proposta inclui compromisso regional de investir U$ 30 bilhões por ano em segurança hídrica; secretário-geral da ONU pede “grande aliança” para transição na África para energias renováveis.
Em Declaração final da Cúpula Africana do Clima, realizada em Nairobi, capital do Quênia, líderes do continente ressaltam os impactos adversos que as mudanças climáticas podem ter nas economias e sociedades africanas.
Antes da adoção do documento, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse a jornalistas que o “caos climático” foi uma das principais motivações para comparecer ao encontro.
Grande aliança
Na terça-feira, o líder da ONU disse que “é hora de acabar com as injustiças que estão deixando a África para trás”.
Guterres cobrou mais apoio internacional para uma transição justa e equitativa para fontes renováveis de energia na África. Ele propôs uma “grande aliança” reunindo nações africanas, países desenvolvidos, empresas de tecnologia e instituições financeiras.
O secretário-geral afirmou que é preciso garantir mais representação para a África, para que seja possível responder às necessidades e potencial do continente. Neste sentido, ele disse que é preciso “uma reforma do Conselho de Segurança onde a África obtenha, pelo menos, um assento permanente.”
As crianças na África estão entre as que correm maior risco de sofrer os impactos das alterações climáticas
Compromisso de U$ 30 bilhões por ano
Na Declaração de Nairobi, os líderes africanos se comprometem a investir U$ 30 bilhões por ano até 2030 para suprir a lacuna de financiamento em segurança hídrica. Por outro lado, eles cobram que a comunidade internacional honre o compromisso de aplicar U$ 100 bilhões por ano em financiamento climático.
O texto destaca que a África está esquentando mais rápido que o resto do mundo, o que pode causar abalos no crescimento e no bem-estar dos países. Além disso, as cidades africanas estão crescendo rapidamente e vão abrigar 1 bilhão de pessoas até 2050, aumentando a possibilidade de se tornarem focos de desastres.
A declaração reforça o pedido para que líderes globais enxerguem a descarbonização da economia como “oportunidade para contribuir com a equidade e prosperidade compartilhada.”
Próximos passos
O texto estabelece a Cúpula Africana do Clima como um encontro bianual e define a posição comum dos países africanos para as negociações da Conferência de Mudanças Climáticas COP28, que acontece em novembro nos Emirados Árabes Unidos, e outros eventos globais sobre o tema.
Os líderes africanos propõem ainda um regime de taxação financeira que gere recursos para ação climática em larga escala, a reestruturação e alívio da dívida dos países e um processo na Assembleia Geral da ONU que gere um novo marco de financiamento climático até 2025.
Guterres enfatizou que vai trabalhar com líderes e organizações africanas, como a União Africana, para fazer “progresso rumo a um futuro pacífico, próspero e sustentável que a África precisa e merece.”