Internacional
Unicef aponta recorde de 60 mil crianças que atravessaram selva de Darién
Cerca de 60 mil menores passaram pela rota perigosa nos primeiros oito meses deste ano; autoridades dos Estados Unidos confirmaram entrada de mais de 83 mil crianças no país; dados indicam que tendência reverbera em países da região
Crianças representam um quarto das pessoas atualmente em trânsito pela América Latina e pelo Caribe, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
Nesta quinta-feira, a agência da ONU confirmou que um recorde de 60 mil crianças cruzaram a selva de Darién nos primeiros oito meses de 2023.
Fronteira sul dos Estados Unidos
No ano passado, cerca de 40 mil menores fizeram a travessia, após pelo menos 29 mil terem feito esse trajeto no período anterior. Metade delas tinha menos de cinco anos.
Os novos dados ilustram ainda uma alta no número de crianças refugiadas e migrantes detidas na fronteira sul dos Estados Unidos.
De acordo com o Serviço de Alfândegas e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, CBP, a subida foi de mais de 149 mil casos de menores em 2021, para os mais de 155 mil no ano seguinte.
Já nos primeiros sete meses de 2023, mais de 83 mil crianças entraram no país. A tendência de aumento de delocamentos e migrações forçadas tem reflexo em fluxos migratórios menores na região, onde aumentam a violência, a instabilidade e os desastres relacionados com o clima.
No Texas, EUA, uma mulher abraça a filha de quatro anos depois de fazer a perigosa viagem pelo Darién Gap, entre a Colômbia e o Panamá
Atuação do Unicef no Brasil
O Brasil é um dos países onde o Unicef planeja prestar apoio humanitário a refugiados e crianças migrantes.
No entanto, somente 20% do valor necessário este ano estão disponíveis para que o Unicef atue em países como Bolívia, Chile, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guiana, Peru, Trinidad e Tobago e Uruguai.
Ao propor medidas de resposta de governos, a agência prioriza um novo impulso a uma “abordagem regional para a proteção internacional” e que sejam abordadas as causas profundas da migração específicas das crianças.
As recomendações incluem um investimento nos países de origem para melhorar o acesso dos menores de idade aos serviços, além de se prevenir e responder à violência e ao alargamento de vias de migração seguras e regulares.
O pedido feito às autoridades latino-americanas é que reforcem os processos de fronteira e de acolhimento sensíveis às crianças e os sistemas de proteção infantil contra exploração e violência, incluindo de migrantes e refugiados.