Internacional
UNGA78: Chefe da ONU diz que nações devem cumprir promessas climáticas e de desenvolvimento
Com vários líderes mundiais de alto nível optando por não participar na sessão anual de abertura da Assembleia Geral da ONU na próxima semana, o secretário-geral, António Guterres, disse que se preocupa menos com quem vem a Nova Iorque e mais com o que será feito, especialmente para resgatar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS, que estão atrasados
Em entrevista exclusiva para a ONU News neste sábado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a Assembleia Geral das Nações Unidas “não é uma feira de vaidades, é um órgão político no qual os governos estão representados”.
Em relação a ausência de líderes relevantes no evento, ele disse que “o que importa é que os países sejam representados por alguém que possa estar à altura do momento presente”.
Sociedades querem ter voz
“A presença da sociedade civil, das empresas, dos cientistas, das universidades, a presença das mulheres, dos jovens é essencial para dar aos governos uma mensagem muito clara: A mensagem de que nem sempre os governos, mas as sociedades querem paz querem que os objetivos do desenvolvimento sustentável sejam cumpridos, que o câmbio climático seja combatido. E as sociedades querem que todos tenham uma voz e uma representação em países em que os direitos humanos sejam respeitados e em que a sociedade civil seja reconhecida como um parceiro fundamental na tomada de decisões.”
Guterres disse não estar tão preocupado com quem representa cada governo e sim em “garantir que os países que estão aqui estejam prontos para assumir os compromissos necessários para tornar realidade os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS, que, infelizmente, não estão avançando na direção certa.”
O secretário-geral enfatizou a necessidade de reformar o atual sistema financeiro global “injusto, disfuncional e desatualizado” para garantir a realização dos ODS até 2030.
Ele lembrou a sua proposta de estímulo aos ODS no valor de U$ 500 bilhões para apoiar as nações em desenvolvimento, a fim de garantir que disponham dos recursos necessários para alcançar as metas.
Ação sobre as alterações climáticas
O chefe da ONU disse ainda que a Cúpula sobre Ambição Climática de 2023 proporcionará uma oportunidade para os países, empresas e sociedade civil intensificarem os esforços para controlar as alterações climáticas.
Segundo Guterres, esta Cúpula proporcionará uma plataforma para a “linha de frente”, ou seja, aqueles que estão mais empenhados na ação climática e podem partilhar as melhores práticas.
Ele disse que “estamos avançando para 2,6-2,8°C de aumento da temperatura global até ao final do século”, sublinhando a urgência de retomar o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Guterres enfatizou que “ainda é possível com vontade política, mas muito precisa de ser feito”,
Pressionando pela paz na Ucrânia
Em relação à guerra em curso na Ucrânia, o secretário-geral reiterou que o objetivo central é garantir a paz, que é justa e está em conformidade com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional.
No entanto, o líder da ONU reconheceu que as condições atuais podem não favorecer um “diálogo sério” sobre a paz.
“Penso que as partes estão longe dessa possibilidade neste momento, mas nunca, nunca iremos parar os nossos esforços para garantir que a paz chegue à Ucrânia”, ressaltou.
Destaque para a saúde pública
Guterres também falou sobre os três diálogos ministeriais sem precedentes na próxima semana sobre saúde pública global. Os temas serão preparação para pandemias, cobertura universal de saúde e tuberculose.
O secretário-geral disse que “a cobertura universal de saúde é um objetivo essencial da ONU”. Ele explicou que a meta “exige não só que o sistema da ONU funcione, mas também que os sistemas financeiros sejam muito mais justos do que são hoje”.
Guterres sublinhou ainda que considera essencial “aumentar os recursos e o poder da Organização Mundial de Saúde”.