Internacional
Moçambique diz que falta de confiança e solidariedade atrasam Agenda 2030
Presidente Filipe Nyusi enfatizou em seu discurso na ONU a cooperação multilateral e regional para o combate ao terrorismo, mas levantou preocupação com falta de apoio para assegurar a sustentabilidade das ações; chefe de Estado exigiu dos países desenvolvidos o incremento do financimento climático
O presidente de Moçambique participou do primeiro dia de intervenções de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU falando de paz e segurança, combate ao terrorismo, mudanças climáticas, transição energética, economia azul e conservação ambiental.
Filipe Nyusi iniciou sua fala dizendo que os líderes mundiais assumiram o compromisso de reduzir a pobreza em 17 áreas-chave. Porém, “o mundo continua a enfrentar várias crises interligadas que comprometem o alcance da Agenda 2030.”
Ausência de confiança e solidariedade
“De fato, a crise pandêmica da Covid-19, os desastres naturais decorrentes das mudanças climáticas e os conflitos armados, incluindo o terrorismo e extremismo violento, fazem com que milhões de pessoas continuem a viver na pobreza, sem alimentação adequada, sem acesso aos serviços de saúde e educação.”
O líder moçambicano destacou “a ausência da confiança e solidariedade entre os que têm muito e aqueles que têm pouco ou quase nada” como a causa do insucesso da Agenda 2030.
Sobre a questão do terrorismo, Nyusi disse que ao mesmo tempo que Moçambique busca encerrar um capítulo do processo de paz e reconciliação nacional, “é confrontado com o fenômeno nefasto do terrorismo concretamente a província de Cabo Delgado, no norte do país.”
Ele citou a colaboração internacional e regional como fatores que estão contribuindo para o sucesso de esforços antiterrorismo, mas levantou a preocupação com a sustentabilidade das operações.
Cooperação antiterrorismo
“Esta é a experiência pioneira de combinação de intervenção bilateral e multilateral. É também exemplo de solução de problemas africanos antes por próprios africanos. Contudo, a questão que se coloca é a necessidade de apoio substancial a estes países que de forma directa e interventiva combatem connosco o terrorismo em Moçambique de modo a tornar sustentáveis as operações ainda em curso.”
Ainda na questão da paz e segurança, o chefe de Estado disse que várias regiões do mundo “vivem o ciclo vicioso de conflitos e instabilidade armados sobretudo em África.”
Ele declarou que “são milhares de preciosas vidas que se perdem”. Segundo Nyusi, o número de refugiados e deslocados, aumentou em mais de 50% só no ano passado.
“Principal crise da humanidade”
O presidente de Moçambique classificou as mudanças climáticas como “a principal crise da humanidade neste século.”
Ele destacou que o país, devido a sua localização geográfica, “sofre ciclicamente o impacto devastador dos desastres naturais”.
Segundo Nyusi, os últimos maiores ciclones, Idai, Keneth e Freddy provocaram centenas de mortes e perdas e danos avultados na ordem de bilhões de dólares. “Até ao momento, não conseguimos recuperar, nem um terço dos danos registados”, disse.
O líder moçambicano sublinhou que a transição energética requer investimentos de elevados em projetos de geração de energia a partir de fontes limpas.
Nesse sentido, ele reforçou o pedido para que os países mais industrializados sejam solidários, incrementando o financiamento climático.
Nyusi disse ainda que Moçambique aposta no desenvolvimento da economia azul para otimizar os recursos da extensa zona econômica exclusiva ao longo da costa de 2.700km.