Internacional
Cabo Verde pretende acabar com pobreza extrema até 2026
Primeiro-ministro do país africano discursou na Assembleia Geral da ONU e destacou metas a serem alcançadas com políticas integradas; Ulisses Correia e Silva enfatizou preocupação com golpes de Estado na África e afirmou que prevenção de conflitos é essencial para realização da Agenda 2030
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, participou neste sábado do debate de Alto Nível na Assembleia Geral da ONU, defendendo os princípios da democracia e o fortalecimento do compromisso com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS.
O líder caboverdiano citou com preocupação o “recrudescimento do populismo e do extremismo e os ataques à democracia.”
Insegurança na região oeste africana
“Nestes tempos difíceis por causa de instabilidade e sucessivos golpes de Estado em países africanos, Cabo Verde está do lado dos princípios e valores da democracia liberal constitucional. Em nome desses princípios, condenamos o recurso a golpes de Estado como forma de acesso ao poder.”
Correia e Silva afirmou que Cabo Verde está comprometido em trabalhar ao lado de todos os Estados-membros das Nações Unidas para abordar a insegurança na região oeste-africana e no resto do mundo.
Ele ressaltou que sistemas eleitorais e judiciais confiáveis, liberdade de imprensa e instituições fortes são fundamentais para a confiança nas regras do jogo democrático e “previnem crises graves e conflitos extremados.”
Políticas integradas para atingir os ODS
O primeiro-ministro afirmou que a prevenção de conflitos deve ser encarada como “parte integrante da caminhada para os ODS”. Ele estacou as principais prioridades do país rumo às metas internacionais.
“Cabo Verde mantém firme o seu compromisso de atingir os ODS com políticas integradas. Temos como objetivo erradicar a pobreza extrema em 2026. Não vamos deixar ninguém para trás na educação. Estamos a acelerar a transição energética. Estamos a investir para reduzir a dependência das fontes de água subterrâneas para a agricultura. Queremos transformar Cabo Verde numa Nação Digital e diversificar a economia. Nós abraçamos a Agenda 2030 das Nações Unidas como nosso roteiro para o progresso.”
Segundo o líder cabo-verdiano, o contexto global difícil não deve ser motivo para descontinuar ou enfraquecer os compromissos com a Agenda 2030. Pelo contrário, deve ser razão para “acelerar as reformas, os investimentos, os financiamentos, as parcerias e a solidariedade internacional.”
Transformando dívida em financiamento climático
Ele destacou a importância de “operacionalizar instrumentos de financiamento climático e ambiental, aumentar substancialmente os Direitos de Especiais de Saque com simplificação das regras para a sua emissão e atribuição e aliviar a dívida dos países menos desenvolvidos.”
Correia e Silva mencionou o acordo entre Cabo Verde e Portugal sobre a transformação da dívida bilateral em financiamento climático e ambiental para atingir esses propósitos.
Ele afirmou que se mais parceiros contribuírem, maior será a dimensão dos investimentos transformadores e mais acelerados serão os efeitos.
O primeiro-ministro de Cabo Verde disse também que a África precisa de transformações estruturais para que as economias no continente se tornem mais diversificadas, com maior integração nas cadeias de valor, e mais competitivas.