AGRICULTURA & PECUÁRIA
Produtores de soja paranaenses temiam excesso de chuva, mas agora vivem com seca
Cenário climático tem alarmado produtores, que evitam fazer contratos de venda futura de soja temendo não conseguir cumprir
Os produtores paranaenses devem plantar 5,8 milhões de hectares de soja, um pequeno avanço em relação ao ciclo passado, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral).
Após enfrentar problemas com excesso de chuva, o estado teve o calendário prorrogado pelo Ministério da Agricultura e segue até 31 de janeiro nas regiões centro-sul, centro-oriental, sudeste, sudoeste e metropolitana. Agora, semanas de tempo seco começam a impactar as lavouras.
O produtor de soja Marcelino de Marchi semeou o grão em 12 de outubro no município de Colorado e relata as dificuldades climáticas pelas quais a sua lavoura vem passando.
“Nós estamos vivenciando uma situação adversa, de veranico. Há mais de dez dias não chove nessa região. Então já temos uma perda pequena, mas se não chover no curto prazo, a tendência é a de aumentar esse índice de perda”.
Início da colheita
Em algumas regiões do Paraná, a colheita da soja já começa nesta primeira quinzena. Como o desenvolvimento da cultura é diferente dependendo da região, ainda não é possível estimar se haverão perdas.
No entanto, baseado nas últimas safras, os produtores têm evitado fazer contratos de venda futura temendo justamente não poder cumprir.
“É um impacto negativo para todo setor. Você entra em um movimento de renegociação geral, então aquela revenda, aquela cooperativa, aquela entidade que, de alguma forma, financiou aquele produtor”, diz o consultor em Gerenciamento de Riscos Guilherme Cioccari.
Recorde de soja em 22/23
Nas últimas safras o Paraná se revezou entre a segunda e terceira posição de maiores produtores de soja. No ciclo 2022/23, as lavouras do estado atingiram um recorde de 22,3 milhões de toneladas.
Já para esta temporada, estão previstas 21,7 milhões de toneladas. Isso porque, em dezembro, a cultura não foi favorecida e a projeção é que apresente perdas de produtividade. Contudo, no geral, os produtores devem cumprir contratos.
“A nossa região está sendo afetada de forma bastante agressiva pelas altas temperaturas. Então, acreditamos que no noroeste do Paraná, até o momento, haja uma quebra de 20% a 30%. Nos últimos anos os agricultores vieram diminuindo o índice de contratos e fizeram em uma proporção menor do que o potencial produtivo. Por isso, em questão de quebra de contrato, especialmente no norte e noroeste do estado, eu não vejo com grande preocupação”, relata o produtor de soja de Maringá, Fernando Sichieri.
Segundo estimativa mais recente do Deral, cerca de 14% das lavouras estão em condições regulares ou ruins. A expectativa é um maior acionamento de seguros caso as chuvas não retornem ou venham em excesso na colheita.