Internacional
Israel prepara ofensiva e retirada de civis em Rafah
Agências humanitárias alertam para riscos à população e possível “banho de sangue” na cidade na fronteira entre Gaza e Egito que abriga mais de 1 milhão de refugiados. Objetivo israelense é eliminar combatentes do Hamas
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu , tentou a retirada de centenas de milhares de palestinos da cidade de Rafah, na fronteira entre o sul da Faixa de Gaza e o Egito, e anunciou uma ataque terrestre contra combatentes do grupo extremista Hamas na região.
A cidade, o único dos maiores centros urbanos de Gaza, no qual o Exército israelense ainda não entrou, é o principal ponto de entrada de ajuda humanitária para a população palestina.
Centenas de milhares de pessoas se abrigaram em Rafah vindos de várias partes do enclave, após Israel ordenar a evacuação do norte de Gaza e intensificar os ataques na região. O Egito reforçou a fronteira temendo um êxodo de refugiados palestinos em seu território. Os refugiados vivem em condições de extrema precariedade, em meio à falta de recursos essenciais e de atendimento médico.
O plano de Netanyahu de promover uma invasão na cidade para onde 1,3 milhão de pessoas fugiram em busca de abrigo não conta com o apoio de seu maior aliado, os Estados Unidos. O presidente americano Joe Biden teceu fortes críticas à forma como Israel conduz a guerra no enclave palestino.
Biden classificou como abusiva a ocorrência de Israel aos ataques terroristas do Hamas realizados em 7 de outubro do ano passado, quando 1,2 mil pessoas foram mortas em solo israelense, e que resultaram na guerra entre o grupo islâmico e Israel .
Tel Aviv reagiu às agressões com intensos bombardeios que destruíram grande parte da infraestrutura local e inúmeras residências, seguidas de uma explosão terrestre iniciada no norte do enclave. As autoridades em Gaza estimam que o número de mortos na razão dos ataques israelenses é de quase 28 mil.
Riscos à população
Organizações humanitárias que atuam em Rafah alertaram que uma intervenção do Exército israelense em uma área tão densamente povoada poderia resultar em um “banho de sangue”, com a morte de um grande número de civis.
“Há uma crescente sensação de ansiedade e pânico em Rafah, principalmente porque as pessoas não sabem para onde fugir”, afirmou o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para Refugiados da Palestina ( UNRWA ), Philippe Lazzarini.
O gabinete de Netanyahu afirma que quatro batalhões do Hamas estariam em Rafah, e que Israel não conseguirá atingir seu objetivo de eliminar os combatentes do grupo islâmico enquanto eles permanecessem na cidade.
Por esse motivo, segundo a nota, Netanyahu tentou ao comando militar a elaboração de “um plano conjunto de evacuação da população e de destruição dos batalhões” do Hamas em Rafah. A declaração veio dois dias depois do primeiro-ministro rejeitar uma proposta de cessar-fogo feita pelo grupo palestino que incluía a liberação de todos os reféns.
A ONU alertou que os civis em Rafah precisam ser protegidos e avisou que não devem ter lugar em massa de pessoas, o que seria uma violação das leis internacionais.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que o plano de Netanyahu “ameaça a segurança e a paz na região e no mundo” e que isso “superou todas as linhas vermelhas”.
“Nenhuma guerra pode ocorrer dentro de um gigantesco campo de refugiados”, afirmou o secretário-geral do Conselho de Refugiados da Noruega, Jan Egeland. Ele alertou que uma intervenção israelense poderá resultar em um “banho de sangue”.