Internacional
Confusão generalizada: o que Rússia, EUA e Brasil têm em comum?
A confusão presente na mente dos opositores aos opressores
Um observador desatento não consegue ver o que há em comum entre a entrevista de Putin a Tucker Carlson e Bolsonaro marcando mais uma manifestação na Avenida Paulista. Mesmo para alguns alunos ou admiradores do Prof. Olavo de Carvalho o cenário político internacional não é tão simples de compreender.
Aos que já possuem um corpo doutrinário, nenhuma resposta é difícil. Tudo se resolve em cálculo entre premissa, desenvolvimento e conclusão. Um joguete lógico dá resposta a tudo. Não é o que se deve fazer em análise política, embora seja o comum, mesmo entre os bons analistas.
Por se tratar de pessoas e meio de ação, a análise política não pode nunca estar sujeita às doutrinas, princípios morais e valores, pois todos esses critérios podem ser assimilados temporariamente pelos revolucionários, criando a ilusão de que os mais perversos operadores da burocracia pareçam heróis.
Putin, que jamais criticou o passado e o presente da política sino-soviética, vai além da omissão. Ele inaugurou uma estátua em honra a Fidel Castro em Moscou, está furioso com Kallas por ela ter mandando derrubar estátuas de Lênin e Stalin, e disse abertamente a Carlson que uma de suas metas ao invadir a Ucrânia é dizimar o que chama de neonazismo. Putin quer erradicar o “neonazismo” no mundo, e o que ele chama de neonazismo é tudo o que não é a favor da gloriosa União Soviética. Em outras palavras, Putin está pronto para invadir a Estônia, a Polônia, e não fará nada contra a China, Coreia do Norte, Cuba e similares. Nada disso é surpreendente, claro. O que surpreende é a direita americana, Europeia e até a brasileira ver Putin como um líder nacionalista e há quem o veja – pasme – como um conservador.
Questionar-se como Putin conseguiu essa imagem pressupõe saber como funciona a mentalidade revolucionária. E é aqui que muitos vão mais rápido que um foguete de Musk dando ré para o colo dos senhores de Pequim e do Kremlin.
Todo revolucionário “deve se adaptar às condições e aos objetivos de sua atividade” e evitar construir uma “organização imutável e absolutamente conveniente para todos os partidos comunistas”, pois as condições de sua atividade revolucionária se “transformam constantemente e, conforme essas transformações”, eles “devem também procurar constantemente formas novas e adequadas”. Pois “as particularidades históricas de cada país determinam também formas especiais de organização para os diferentes países”. Um revolucionário é um camaleão.
Os americanos mais patriotas olham para Putin como se ele fosse um grande líder político preocupado com o povo da Rússia e sem desejos expansionistas, ou sem querer destruir os EUA. Muitos brasileiros também. A razão é simples: um brasileiro que compare Putin a Lula, ou um americano que compare Putin a Biden, imediatamente diz “precisamos de alguém como Putin”.
Afinal, Putin é inimigo dos globalistas, pensam. Será? De um certo modo, sim. Stálin também era inimigo de Hitler. O que quase ninguém fala é que foi Stálin quem alimentou Hitler com petróleo, ferro, etc. E foi igualmente a Rússia, ou melhor, o bloco sino-soviético (Rússia e China) que alimentaram os globalistas.
Sem um opositor, o comunismo nada é. Os revolucionários precisam criar um adversário. Já o adversário real, eles matam.
E por que manter um adversário que eles podem destruir, mas mantém vivo? Para criar a ilusão de que há um conflito em andamento. E se há conflito, os revolucionários não são tiranos ou o único poder existente.
O inimigo permitido serve exatamente para manter a capa de disputa, fingir que há “democracia” e a vitória dos revolucionários se dá não passa de “mérito” por uma suposta “incompetência” de seu oponente. Uma direita “permitida” é tudo o que o revolucionário precisa para dizer que não existe uma ditadura.
E o que é uma direita permitida? Para entender isso, basta analisar o oposto: a direita não permitida. Putin explicou isso na entrevista que deu ao jornalista americano Tucker Carlson.
Entrevista completa de Putin a Ticker Carlson
PDF do Terça Livre
Se o opositor do movimento revolucionário está preocupado em infraestrutura, economia, ou qualquer assunto que não seja relevante para o revolucionário a longo prazo, esse opositor pode existir e agir, mas deverá agir dentro dos limites impostos pelo revolucionário.
Putin não permitiu que Ucrânia, Estônia e Lituânia destruíssem estátuas “em honra aos heróis soviéticos da Segunda Mundial”. Esses países fazem fronteira com a Rússia e para assegurar a sua independência uniram-se à União Europeia e à OTAN, ou seja, ficando sob as asas dos EUA, como fez de certo modo Israel. Isso é inadmissível nas próprias palavras de Putin (leia a entrevista dele a Carlson). Ele chamou esse movimento de “neonazismo”. Soa familiar?
E no Brasil? Bolsonaro era tolerável ao “sistema” até que falou contra o domínio chinês, contra a Huawei etc. Agora Bolsonaro pede até para não levar cartazes contra a quem quer que seja em uma manifestação onde ele precisa se explicar desde acusações sem sentido de um golpe que nunca existiu até da inocência em relação às baleias do oceano.
As ordens inconstitucionais contra Bolsonaro provém do ex-advogado da Transcooper, empresa de fachada do PCC, e aplicadas pela Polícia Federal que jamais descobriu quem o mandou matar. E o poder executivo que hoje controla o Ministério da Justiça está nas mãos do comunista que mais roubou um país na história da humanidade. Esse é um resumo de quem são Moraes e Lula.
A postura de Kallas ao colocar armas na Ucrânia em oposição a Putin tem muito a ensinar todos os políticos do mundo.
Quem é Kallas, a mulher da Estônia que Putin quer prender
Só que para agir assim contra Putin, a vida dela é um livro explicativo: a mãe dela só sobreviveu ao Gulag soviético por receber uma lata de leite de um estranho quando tinha seis meses e as fraldas dela eram secadas na pele das pessoas em um vagão com animais. Em outras palavras, ela sabe muito bem do que os soviéticos são capazes de fazer contra quem não se submete à ordem tirânica deles.
Será que Bolsonaro e todos os opositores de Moraes e Lula sabem do que são capazes? Bolsonaro certamente sabe, pois já foi até esfaqueado, sobrevivendo por um triz. A morte de Clezão ainda não foi o suficiente para a população entender que opositores serão lançados à prisão para lá fiquem até morrer. Os que vivos permaneçam serão esquecidos como Daniel Silveira, Roberto Jefferson e todas as vítimas de Moraes.
O que está em jogo no Brasil não é uma disputa eleitoral, mas uma guerra em estrito senso. E em uma guerra, o exemplo de Kallas é mais do que significante.
Sem informação, o povo fica em busca da mais nova ilusão eleitoral de um possível retorno de Bolsonaro em 2026, ou da Michele como presidente etc. Até quando? Até o dia que uma mídia livre esteja ao alcance de todos os brasileiros.
Mas até para isso Moraes e Lula já se preparam. O brasileiro que sequer sabe da importância da imprensa não tem idéia do que seja VPN. Não sabe da existência de jornalistas exilados. Não sabe que está em uma ditadura de facto.
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