Internacional
Entrada de ajuda humanitária em Gaza cai 50% em fevereiro
Média de caminhões com suprimentos que conseguiram ter acesso no território palestino ficou em 98 por dia, muito abaixo da meta de 500 entregas diárias; ataques constantes em diversas áreas do enclave forçam novos deslocamentos
O aumento dos ataques aéreos sem aviso prévio em Rafah, no sul de Gaza, incluindo em áreas residenciais, causam temores de que eles dificultem ainda mais as operações humanitárias, que já se encontram sobrecarregadas.
O alerta foi feito nesta segunda-feira pela Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa. Quase 1,5 milhão de pessoas estão em Rafah, mais de seis vezes a população que habitava o local antes de 7 de outubro.
Dificuldades nas fronteiras
Em um boletim divulgado nesta segunda-feira, a Unrwa afirma que fevereiro foi um mês em que muito pouca ajuda chegou em Gaza, com uma média de quase 98 caminhões entrando por dia, uma redução de 50% nos suprimentos em comparação com janeiro de 2024.
O número de comboios entrando no enclave permanece bem abaixo da meta de 500 entregas por dia, com dificuldades significativas para trazer suprimentos através das passagens de Kerem Shalom e Rafah.
Os caminhões da Unrwa têm enfrentado enormes obstáculos para entrar na Faixa de Gaza devido a restrições de segurança e fechamentos temporários em ambos os cruzamentos.
A agência afirma que a segurança para administrar a travessia foi severamente afetada devido à morte de vários policiais palestinos em ataques aéreos israelenses recentes perto das passagens fronteiriças.
O bairro Al-Shaboura, em Rafah, está em ruínas
Riscos para a operação humanitária
Em discurso na abertura da 55ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos em Genebra, nesta segunda-feira, o secretário-geral da ONU repetiu o seu apelo por um cessar-fogo humanitário e pela libertação imediata de todos os reféns.
António Guterres ressaltou que a ajuda humanitária ainda é “completamente insuficiente”. Segundo ele, Rafah é o núcleo da operação de assistência e a Unrwa é “a espinha dorsal desse esforço”.
O líder das Nações Unidas afirmou que uma ofensiva israelense sobre a cidade além de aterrorizante para mais de um milhão de civis palestinos ali abrigados, “colocaria o último prego no caixão dos programas de ajuda da ONU”.
O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, comentou a redução de 50% na ajuda humanitária que entra em Gaza, destacando que os principais obstáculos são: falta de vontade política, interrupção dos pontos de passagem, falta de segurança devido a operações militares e colapso da ordem civil.
Novos deslocamentos
Os intensos combates em Khan Younis, no sudoeste de Gaza, nas últimas cinco semanas estão causando mortes e danos à infraestrutura civil, incluindo o maior abrigo da Unrwa na área sul, o Centro de Treinamento Khan Younis.
Segundo a agência, isso está forçando milhares de palestinos a fugir mais ao sul em direção a Rafah, que está extremamente superlotada. Ao mesmo tempo, foram relatados movimentos populacionais para fora de Rafah e em direção aos campos de refugiados de Deir Al Balah e Nuseirat, na Área Média, embora haja relatos de novos combates e ataques aéreos nessas áreas.