Saúde
Por que você se lembra de certas coisas, mas não de outras?
Por que me esqueço disso?
Quantas vezes você já voltou até a porta da frente antes de se deitar, só para ter certeza de que realmente a havia trancado? Se essa é uma situação que lhe parece familiar, você não está sozinho e também não está enlouquecendo.
Fernanda Calva e Stephanie Leal, psicólogas da Universidade Rice (EUA), demonstraram agora como certas experiências são mais lembradas pela maioria das pessoas, enquanto outras experiências – como trancar a porta – são mais facilmente esquecidas.
Ocorre que nós humanos tendemos a nos concentrar em lembrar certos aspectos de uma experiência mais do que outros. Por exemplo, somos melhores em lembrar o quadro geral do que aconteceu, do que detalhes do ocorrido. Você pode ver isso consigo mesmo tentando lembrar-se do que fez no ano passado: Você irá se lembrar de ter feito muitas coisas diferentes, mas dificilmente se lembrará de detalhes de algumas delas.
As duas pesquisadoras fizeram isso de modo mais criterioso mostrando fotos aos voluntários do estudo. Durante um teste de memória, algumas dessas imagens foram repetidas, algumas eram totalmente novas, enquanto outras eram muito semelhantes e difíceis de distinguir umas das outras. Essas imagens semelhantes pretendiam interferir na memória, como experiências diárias semelhantes, como tentar lembrar se a porta está trancada. Imagens memoráveis foram identificadas como aquelas que os participantes tinham maior probabilidade de lembrar.
E não são só coisas triviais: esquecer algo precioso, mesmo o bebê no carro, pode acontecer a qualquer um.
Na verdade, esquecer é parte integrante do processo de aprendizagem
Memória seletiva
De fato, os participantes se lembraram corretamente das imagens mais memoráveis, mas esse efeito foi perdido em apenas 24 horas. Isto foi especialmente verdadeiro quando os voluntários tentavam se lembrar de experiências positivas, sugerindo que estas experiências, em comparação com experiências negativas, são memoráveis no início, mas mais propensas a serem esquecidas.
“Frequentemente achamos que as memórias emocionais são mais bem lembradas, mas na verdade existem compromissos entre essência e detalhes, onde as características centrais da memória são aprimoradas, enquanto os detalhes podem ser esquecidos,” disse Calva.
Assim, se você é uma das muitas pessoas no mundo que não consegue se lembrar se há cinco minutos trancou a porta da sala ou tomou seu remédio, as pesquisadoras dizem que você não está sozinho. “Nossos cérebros não conseguem se lembrar de tudo o que vivenciamos e, por isso, temos que esquecer um pouco seletivamente as informações que não são tão importantes. Este estudo nos ajuda a entender melhor por que lembramos o que lembramos,” concluiu Leal.