Câmara de Catolé do Rocha aprova reajuste salarial controverso para prefeito e vereadores

Em uma decisão que tem gerado ampla repercussão, a Câmara de Vereadores de Catolé do Rocha, no Sertão da Paraíba, aprovou um aumento significativo nos salários do prefeito e dos vereadores do município. O reajuste eleva o salário do prefeito de R$ 14 mil para R$ 27,5 mil, quase o dobro do valor atual. A medida também contempla um aumento nos subsídios dos vereadores, que passarão de R$ 7,5 mil para R$ 10,4 mil.

A decisão ocorre em meio a debates sobre a situação financeira do município. O prefeito atual, Lauro Maia, que busca a reeleição, justificou o reajuste comparando os salários de Catolé do Rocha com os de outras cidades da região. “Outras cidades da região possuem salários maiores que Catolé. Em Pombal, por exemplo, o chefe do Executivo receberá R$ 29,5 mil a partir de 2025”, afirmou Maia. Segundo ele, o aumento salarial é uma forma de recompor os vencimentos segundo a realidade econômica da região.

A notícia do aumento salarial foi recebida com indignação por parte da população local. Muitos moradores questionam a necessidade e a pertinência do reajuste em um momento de desafios econômicos para muitas famílias. “É um desrespeito com o povo de Catolé do Rocha, que enfrenta tantas dificuldades enquanto nossos representantes aumentam seus próprios salários”, comentou um morador que preferiu não se identificar.

O argumento do prefeito sobre a necessidade de equiparação salarial com cidades vizinhas encontra respaldo em dados regionais. Em Pombal, a partir de 2025, o prefeito passará a receber R$ 29,5 mil mensais, colocando pressão sobre cidades menores para ajustarem suas remunerações de forma competitiva. Contudo, críticos apontam que essa comparação não leva em conta as diferenças econômicas e demográficas entre os municípios.

Apesar da justificativa apresentada pela administração municipal, a situação financeira de Catolé do Rocha tem sido alvo de debates. Não há relatos de uma crise financeira explícita na prefeitura, mas a decisão de aumentar substancialmente os salários de seus líderes levanta questões sobre prioridades na gestão dos recursos públicos.

Este não é o primeiro aumento salarial na administração pública local, mas é certamente um dos mais substanciais em termos de percentual. A aprovação do reajuste antecipa um cenário onde futuros reajustes podem seguir a mesma linha, gerando um efeito cascata em outras áreas do serviço público municipal.

A decisão agora está sob escrutínio público. Organizações civis e grupos comunitários estão se mobilizando para contestar o aumento, considerando-o desproporcional e inoportuno. “Precisamos de investimentos em infraestrutura, saúde e educação, não de aumentos salariais para políticos”, afirmou um representante de uma associação de moradores.

A aprovação do reajuste salarial para o prefeito e vereadores de Catolé do Rocha expõe uma complexa teia de justificativas e críticas. Enquanto a administração defende a medida como uma atualização necessária e justa, a população expressa descontentamento e desconfiança. Este episódio reflete um desafio recorrente nas administrações públicas: equilibrar a valorização dos cargos eletivos com a responsabilidade fiscal e a sensibilidade às necessidades da população. Resta observar como este reajuste impactará a política local e as futuras eleições no município.