Internacional
Haiti vacina mais de 230 mil crianças contra difteria, tétano e coqueluche
Campanha de imunização é financiada pelo Canadá e apoiada pela Opas; iniciativa visa reduzir a mortalidade infantil em meio a desafios humanitários e aumento de doenças evitáveis
O Ministério da Saúde Pública e da População do Haiti vacinou recentemente mais de 230 mil crianças em uma campanha lançada para contribuir com a redução da mortalidade infantil relacionada à difteria.
Com financiamento do Governo do Canadá, a Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, forneceu assistência técnica e logística fundamental para a realização da campanha, apesar da situação humanitária desafiadora no país caribenho.
Campanha de vacinação
De acordo com dados preliminares da campanha, 234.107 crianças receberam a vacina contra difteria, tétano e coqueluche.
A iniciativa teve como alvo crianças de 12 a 59 meses de idade não vacinadas e subvacinadas em oito dos 10 departamentos do Haiti, incluindo em comunidades particularmente afetadas pela difteria. A campanha atingiu 95% das crianças visadas.
Uma iniciativa nacional mais ampla de “recuperação” tem como objetivo vacinar mais de 5 mil crianças com dose zero.
Saúde no Haiti
Os dados da Opas apontam que de 2014 a 2023, houve 1.750 casos suspeitos de difteria, 470 pacientes confirmados e 96 mortes no Haiti. O ressurgimento da doença se deve à queda na frequência e na qualidade dos programas de vacinação de rotina contra todas as doenças evitáveis por vacinação.
A taxa de imunização de crianças haitianas com menos de um ano que desenvolveram difteria ilustra a deterioração. Segundo a Opas, cerca de 43,4% delas não estavam vacinadas no momento do diagnóstico, e o status de vacinação de 51,1% era desconhecido.
Globalmente, o número de crianças que receberam três doses da vacina contra a DTP estagnou em 84% em 2023, uma taxa que ainda está abaixo dos níveis pré-pandêmicos da Covid-19, de acordo com dados publicados em julho de 2024 pela Organização Mundial da Saúde, OMS.
A OMS informou que as últimas estimativas sobre a cobertura nacional de imunização ressaltam a necessidade de esforços contínuos de recuperação e fortalecimento do sistema. Em todo o mundo, a vacinação geralmente diminuiu durante a pandemia da Covid-19, quando muitos serviços essenciais de saúde foram interrompidos.
Vacinação nas Américas
A Opas afirma que a cobertura de vacinação nas Américas está um pouco melhor, com 91% das crianças menores de um ano recebendo a primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche e 86% recebendo a terceira dose em 2023.
A Região das Américas foi a única do mundo a atingir a taxa de cobertura pré-pandêmica para esse imunizante. Ainda assim, esses resultados deixam 10% dos menores de um ano sem proteção.
O diretor da Opas, Jarbas Barbosa, disse que as Américas mostram resultados positivos, “devido aos esforços dos profissionais de saúde nos países, aos investimentos feitos, ao compromisso político e à população responsável que reconhece a importância da vacinação”.
Ele enfatizou a necessidade de esforços contínuos para “alcançar mais uma vez a cobertura de vacinação que historicamente nos colocou no topo do ranking global”.
Crianças no conflito
Dados do Fundo da ONU para Infância, Unicef, apontam que em junho, foi registrado um aumento de 60% no número de deslocados internos em todo o Haiti, incluindo mais de 300 mil crianças, com o deslocamento da população principalmente para os departamentos do sul, que agora abrigam quase metade dos deslocados internos do país.
Em parceria com as autoridades, bem como com as organizações da sociedade civil, o Unicef alcançou 220 mil pessoas com suprimentos essenciais de água e higiene. Mais de 142 mil crianças e mulheres acessaram os serviços de saúde, 38 mil crianças receberam apoio educacional e mais de 38,4 mil crianças e famílias receberam apoio psicossocial.
Em 2024, o Unicef precisa de pelo menos US$ 221,7 milhões para atender às necessidades humanitárias das mulheres e crianças mais vulneráveis. Até o final de junho de 2024, o apelo humanitário do Unicef para o Haiti enfrenta uma lacuna de financiamento de 84%, ou US$ 185,2 milhões.