Judiciário
Doações privadas para campanha eleitoral sobem 40% e preocupa TSE sobre a origem do dinheiro
Por Eliabe Castor
O valor de doações privadas recebidas por candidatos às eleições municipais deste ano é 40% maior do que o declarado no mesmo período em 2020, ano das últimas disputas nos municípios.
Os dados referem-se a valores recebidos em recursos privados, sem contabilizar o Fundo Especial de Financiamento de Campanhas e o Fundo Partidário, que são públicos.
As informações foram compiladas pela plataforma 72 horas. Os números foram extraídos do site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e são relativos a candidatos às prefeituras e às câmaras municipais de todo o país.
Segundo fontes do TSE, há preocupação com o aumento nos valores das doações quando se compara ao padrão histórico.
Também acendeu o alerta da Justiça Eleitoral o fato que a explosão no valor nas doações não se verifica apenas em candidaturas às prefeituras de grandes cidades, mas também em relação a candidatos desconhecidos nacionalmente que disputam cargos em cidades menores.
Ainda segundo integrantes da Justiça Eleitoral, há aumento nos valores das doações e, ao mesmo tempo, diminuição no número de remessas.
A suspeita é que pode haver dinheiro advindo de fontes escusas financiando campanhas, como atividade criminosa ou empresas de aposta online, as chamadas bets.
O TSE conta com um setor de fiscalização de contas eleitorais, que trabalha em parceria com órgãos fiscalizatórios — como Polícia Federal e TCU (Tribunal de Contas da União). Não há uma investigação instaurada sobre as suspeitas levantadas, mas isso pode acontecer se o Ministério Público Eleitoral ou partidos políticos apresentarem pedido nesse sentido à Justiça Eleitoral.
Em período análogo, os candidatos de 2020 registraram em suas contas doações no valor total de R$ 131 milhões — em valores atualizados pela inflação, a cifra corresponde a R$ 181 milhões.
A plataforma “72 horas” compila os dados de financiamento de campanhas em tempo real.