ECONOMIA
PIB do Brasil avança além do esperado e preocupa Banco Central
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou crescimento de 0,9% no terceiro trimestre deste ano, em comparação ao trimestre anterior. O resultado superou as expectativas do BTG Pactual, que projetava alta de 0,8%. No entanto, a consultoria Capital Economics apontou que o resultado pode intensificar as preocupações do Banco Central sobre superaquecimento.
Segundo os dados divulgados nesta terça-feira (3), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira avançou 4% na comparação anual, também acima das estimativas de 3,9%.
“O resultado representou uma desaceleração em relação ao crescimento de 1,4% no 2º trimestre. Mas ainda deixou a economia crescendo em ritmo acima do potencial [4% em 12 meses], o avanço mais intenso desde 2011 desconsiderando o período pós-pandemia”, disse Jason Tuvey, vice-economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics.
O valor total do PIB no trimestre foi de R$ 3 trilhões, dos quais R$ 2,6 trilhões correspondem ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 414 bilhões aos impostos líquidos de subsídios. A taxa de investimento alcançou 17,6% do PIB no período, enquanto a taxa de poupança foi de 14,9%.
Setores em destaque
O setor de Serviços, que responde pela maior parte do PIB, cresceu 0,7%, com destaque para Informação e Comunicação (+2,1%) e Outras Atividades de Serviços (+1,7%).
No trimestre, a Indústria avançou 0,2%, puxada pelo crescimento de 1,3% nas Indústrias de Transformação, apesar das quedas em Construção (-1,7%) e Eletricidade e Gás (-1,4%).
Na perspectiva do consumo, a Despesa de Consumo das Famílias subiu 1,5%, impulsionada por melhores condições de crédito e maior massa salarial. Por outro lado, as Exportações de Bens e Serviços recuaram 0,6%, enquanto as Importações cresceram 1,0%.
Desempenho do PIB em 2024
No acumulado do ano até setembro, o PIB cresceu 3,3%, com destaque para o setor de Serviços (+3,8%) e Indústria (+3,5%). A Agropecuária, por sua vez, recuou 3,5%, impactada por condições climáticas e queda na produtividade de safras como milho e laranja.
Nos últimos quatro trimestres, o PIB acumulou alta de 3,1%, refletindo o avanço na Formação Bruta de Capital Fixo (+3,7%) e no Consumo das Famílias (+4,5%).
PIB do 3º trimestre gera reações distintas
O resultado do PIB no terceiro trimestre, embora positivo, trouxe reações distintas no mercado. Para a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, o desempenho ampliou o carrego estatístico para 2024 de 2,5% para 3%, indicando uma economia robusta, mesmo com menores impulsos fiscais.
A SPE destacou ainda que o mercado de trabalho continua sendo um estímulo positivo, contribuindo para o crescimento da produção e do consumo.
Segundo a Capital Economics, a demanda doméstica, impulsionada pelo aumento de salários e emprego, foi identificada como o principal motor do crescimento. Combinado com inflação elevada e a resposta negativa ao pacote fiscal anunciado pelo governo, o cenário reforça a expectativa de um aumento mais agressivo na Selic na próxima reunião do Copom, podendo chegar a 0,75 ponto percentual ou mais.