Nacional
Gleisi Hoffmann faz alerta: PT pode perder sua identidade se aproximar demais do centro político
Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, deu um recado forte sobre o futuro do partido. Em entrevista recente, ela disse que, caso o PT se mova demais em direção ao centro político, a legenda pode perder sua essência e comprometer sua continuidade no cenário político brasileiro. A deputada federal mostrou que está bem atenta aos rumos do partido, deixando claro que essa transição pode ser fatal para a sigla.
Nos seus últimos meses à frente do PT, Gleisi não escondeu sua preocupação com a possibilidade de uma guinada para o centro, proposta por correntes internas que buscam afastar o partido de sua base histórica. Segundo ela, o PT já enfrentou crises e resistiu, mas fazer esse movimento agora seria um erro grave. “Já tentaram enfraquecer o PT e não conseguiram. Não podemos agora enfraquecer nossa base social, sendo o alicerce que nos trouxe até aqui”, afirmou contundentemente.
Gleisi também tocou em um ponto importante: as eleições internas para a presidência do PT. Ela deixou claro que não irá apoiar nenhum nome para o cargo. “Vamos divulgar o calendário eleitoral em breve e, a partir daí, o debate sobre o futuro do partido vai se intensificar. O mais importante, antes de qualquer nome, é o debate político que qualificará o próximo líder do PT”, disse.
Entre os possíveis nomes para a presidência está Edinho Silva, prefeito de Araraquara, que não poupou críticas à presidente do PT. O nome dele é cogitado na sigla, mas a relação com Gleisi parece tensa, especialmente em relação a um manifesto assinado por ela contra os cortes orçamentários propostos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um dos principais aliados de Lula.
Além de falar sobre o futuro do partido, Gleisi também abordou um dos assuntos mais polêmicos da atualidade: as reformas em curso no governo. A deputada criticou algumas propostas do governo, como o congelamento do salário mínimo e a isenção fiscal para quem ganha até R$ 5.000, argumentando que elas vão contra os princípios históricos que sempre orientaram o PT. “Atender às demandas do mercado que são contrárias à nossa base social seria um retrocesso. Não podemos abdicar dos valores pelos quais sempre lutamos”, afirmou com veemência.
Outro tema importante abordado por Gleisi foi o papel de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2026. Para ela, a figura de Lula continua sendo essencial para o PT garantir o sucesso eleitoral. “Lula é fundamental para nossa vitória. Não vejo ninguém com a mesma capacidade de disputar e vencer as eleições”, afirmou, deixando claro que a liderança de Lula não tem substituto à vista dentro do PT.
Gleisi também reagiu a comparações entre Lula e Joe Biden, que têm sido feitas recentemente, principalmente por conta da idade avançada do presidente dos Estados Unidos. Para Gleisi, a comparação é inadequada. “Quem conhece o Lula sabe que ele está ótimo, muito bem fisicamente e mentalmente. Não há razão para fazer essa comparação”, declarou, defendendo que o ex-presidente segue firme e ativo na política, desafiando qualquer tentativa de minimizar sua capacidade de liderança.
Por fim, Gleisi fez uma crítica à comunicação do governo, dizendo ser necessário melhorar como as realizações de Lula e sua gestão são apresentadas ao público. Embora o Brasil tenha mostrado avanços significativos nos últimos anos, como o crescimento do PIB e a redução do desemprego, esses resultados ainda não são percebidos claramente pela população. Para Gleisi, o governo precisa se esforçar mais para mostrar seus feitos e reverter à sensação de que os avanços não são tão significativos. “Temos resultados positivos, mas a sociedade ainda não percebe isso de forma clara. É preciso mais esforço na comunicação política para reverter essa sensação”, concluiu.
O cenário que se desenha para o PT é de tensão interna e reflexão sobre sua trajetória. Gleisi Hoffmann como principal líder do partido atualmente, se posiciona firmemente sobre o futuro da sigla, deixando claro que não permitirá que o PT perca sua identidade. Mas o desafio está posto: o partido conseguirá resistir às pressões externas e internas ou terá que ceder às exigências do mercado e de um centro político cada vez mais influente? A resposta a essa pergunta pode definir o futuro da legenda nas eleições de 2026.