Esporte
Há 35 anos, Ayrton Senna rompeu a barreira do som ao atingir velocidade acima de 1.700 km/h no Mirage III da Força Aérea Brasileira
Piloto de Fórmula 1 tinha sonho de voar em avião supersônico
Há pouco mais de 35 anos, em 29 de março de 1989, Ayrton Senna realizou um grande sonho: voar em um avião supersônico.
O caça foi pilotado pelo então tenente-coronel Alberto de Paiva Cortes, que contou um pouco mais da experiência à própria FAB (Força Aérea Brasileira).
“Nós queríamos demonstrar a capacidade do Mirage III, realizar algumas manobras e romper a barreira do som. Senna queria, acima de tudo, sentir a velocidade da aeronave supersônica, porque ele queria sentir a diferença entre pilotar um caça e pilotar um carro de Fórmula 1”.
Aquela não era a primeira vez em que Senna voaria num caça da FAB. Em 1987 ele já tinha estado em um F-5. Entretanto, o que ele queria mesmo era quebrar a barreira do som.
Então pediu que o avião voasse o mais próximo possível do solo, o que permitiria a ele ter uma sensação melhor da velocidade em que estaria. Pessoas sem treinamento se sentiriam mal em velocidade tão extrema para o corpo. Mas não Senna. Afinal, ele possuía preparo físico para aguentar as forças da aceleração do carro de fórmula 1.
Na fatídica data, o avião decolou e subiu para uma altitude de 11 km. Foi nesse momento que o comandante acelerou o caça até atingir 1.728 km/h, cerca de 1,4 vez a velocidade do som. Em dado momento, foram feitas ainda 2 passagens rasantes sobre a Base Aérea de Anápolis (GO) a uma velocidade de 1.173 km/h.
Segundo Cortes, ele deixou que Senna movimentasse os controles do caça e pilotasse a aeronave. O piloto de fórmula 1, segundo os presentes naquele dia, estava muito excitado com a experiência e falava bastante.
Comandado por Senna, o caça fez uma passagem sobre a pista da Base e saiu dela girando o avião. Esse momento marcou o encerramento do voo, que pousou logo em seguida.
Em vez do tradicional banho de água dado aos pilotos em ocasiões especiais, a saudação a Senna foi feita com uma garrafa de champanhe, assim como acontecia quando ele ganhava uma corrida de Fórmula 1.
O Mirage III em que Senna voou foi desativado em 2005 e desde 2011 faz parte do acervo do Museu Aeroespacial do Rio de Janeiro. Um outro Mirage recebeu pintura especial para homenagear Senna e pode ser visitado no museu Asas de um Sonho, em Itu (SP).
A vida de Ayrton Senna voltou aos holofotes recentemente devido à série biográfica lançada pela Netflix. Neste ano de 2024 completaram-se 30 anos desde a morte de Ayrton Senna, ocorrida em 1º de maio em Bolonha, na Espanha.