Internacional
Maioria dos refugiados de 2015 tem hoje trabalho na Alemanha
A crise migratória, deflagrada principalmente pela guerra na Síria, trouxe centenas de milhares ao país. Estudo mostra que 54% deles exercem hoje uma profissão, e um em cada três se qualificou
A maioria dos refugiados que chegaram à Alemanha em 2015 estava integrada ao mercado de trabalho em 2021, aponta estudo do Institut für Arbeitsmarkt- und Berufsforschung (IAB) nesta quinta-feira (27/07): 54 de cada 100 tiveram renda decorrente de uma ocupando e pagavam impostos no país, 10% a mais do que em 2020, ano da pandemia de covid.
Há, porém, diferença entre os gêneros: enquanto entre os homens a taxa de ocupação era de 67%, entre as mulheres o número cai para 23%.
O IAB sugere a expansão da oferta de creches e modelos de trabalho flexíveis para corrigir esse equilíbrio, e pondera que a integração de refugiados ao mercado de trabalho é mais difícil e trabalhosa em comparação com os demais estrangeiros que migram para a Alemanha por vias tradicionais – os primeiros migram por necessidade urgente e extrema, argumentam o instituto, tomando decisões de curto prazo, sem tempo para preparar previamente a chegada em um novo país.
Enquanto no primeiro ano refugiados ficaram taxa de ocupação de 7%, esse número chega a 62% em sete anos – as baixas taxas de ocupação iniciais, segundo o instituto, devem ao fato de que muitos têm que aguardar a análise do pedido de asilo para poder trabalhar ou são impedidos legalmente de fazê-lo. À medida que os anos vão passando, contudo, a tendência é de melhora.
70% em diplomados, mas 41% são subaproveitados
Dentre os refugiados que permaneceram, 65% o fizeram em regime integral, e 70% exerceram uma profissão qualificada – aqueles que inspiraram uma formação técnica ou acadêmica específica –, mas 41% ainda não estavam no mesmo patamar de carreira pré-migração – exercendo, exercendo, portanto, tarefas de menor complexidade.
Um em cada três refugiados também frequentou uma escola ou instituição de ensino superior, concluiu uma formação técnico-profissional ou passou por um curso de aperfeiçoamento na Alemanha.
Entre os trabalhadores em tempo integral, a média bruta, que inclui os impostos, saltou de 1.660 euros nos primeiros dois anos após a chegada à Alemanha para 2.037 euros no sexto ano. A remuneração por hora, porém, está abaixo da média paga aos demais trabalhadores da Alemanha – algo que o IAB atribui à pouca idade da maioria dos refugiados, que têm entre 25 e 30 anos, enquanto a média de idade dos demais trabalhadores no país é de 50 anos.
45% dos refugiados recebem algum auxílio do governo, mas mais de um quarto dessas pessoas trabalha mesmo assim – é o caso, informa o IAB, de pessoas que têm famílias para sustentar e não dão conta, sozinhas, do fardo financeiro .
Descontados os ucranianos, cuja acolhida na Alemanha ocorre sob condições facilitadas, 2,2 milhões de refugiados viviam no país segundo dados de 2022.
O estudo base-se em um experimento aplicado junto a refugiados em parceria com o Ministério Federal para Migração e Refugiados e o Painel Socioeconômico do Instituto Alemão para Pesquisa Econômica (DIW).