Internacional
Violência entre israelenses e palestinos registra maior número de mortes desde 2005, alerta ONU
Enviado da ONU para Oriente Médio, Tor Wennesland, destaca que mais de 200 palestinos e cerca de 30 israelenses morreram em confrontos e ataques em 2023; violência diária reflete desespero e agrava condições humanitárias em Gaza
Neste ano, mais de 200 palestinos e cerca de 30 israelenses foram mortos em manifestações, confrontos, operações militares, ataques e outros incidentes.
Os dados foram destacados pelo enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, nesta segunda-feira. Aos membros do Conselho de Segurança da ONU, ele acrescentou que os números deste ano já superam a totalidade de 2022.
Menina de 15 anos em casa na Faixa de Gaza.
Violência “quase diária”
Segundo o enviado das Nações Unidas, os casos já representam o maior número de mortes desde 2005 e refletem “tendências preocupantes” observadas nos últimos meses em todo o Território Palestino Ocupado.
Falando de Jerusalém, ele afirmou que palestinos e israelenses são mortos e feridos em violência “quase diária”.
Tor Wennesland disse que, poucas horas antes de participar da sessão do órgão, outro ataque deixava um israelense morto na Cisjordânia.
Em sua avaliação, a violência é alimentada e exacerbada por um “crescente sentimento de desespero sobre o futuro.”
O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio destacou que a falta de progresso em debater as questões centrais que impulsionam o conflito “deixou um vácuo perigoso e volátil”, que é preenchido por extremistas dos dois lados.
Responsabilização
Para Tor Wennesland, embora as partes busquem estabilizar a situação, “medidas unilaterais” continuam. Ele citou o crescimento dos assentamentos israelenses, demolições, atividade militante palestina e violência dos colonos.
Ele ressaltou que todos os agressores devem ser responsabilizados e levados à justiça.
Além disso, o enviado da ONU também condenou a violência contra civis, incluindo atos de terror.
Uma família palestiniana em Gaza partilha uma refeição comprada com um vale alimentar do PAM.
Cessar-fogo em Gaza
De acordo com o enviado, a pausa da violência em Gaza continua após a escalada em maio. No entanto, ele destaca que a situação humanitária continua “terrível”.
Os moradores de Gaza têm enfrentado cortes na eletricidade acima do normal, com duração de até 12 horas por dia. O problema provocou protestos em massa contra o Hamas, que governa a Faixa de Gaza. A região está sob bloqueio há mais de 17 anos.
Tor Wennesland disse que milhares foram às ruas em 30 de julho e vídeos mostrando as forças de segurança do Hamas espancando manifestantes foram amplamente divulgados. Em resposta, o Hamas liderou protestos contra Israel.
O Hamas também condenou sete civis em Gaza à morte por colaborar com Israel. Wennesland reforçou a forte oposição da ONU à pena capital em quaisquer circunstâncias.
Falta financiamento afeta milhões
O enviado da ONU também atualizou o Conselho de Segurança sobre a terrível situação fiscal da Autoridade Palestina, que controla a Cisjordânia. O déficit projetado é de mais de US$ 370 milhões este ano.
Ele aponta que as medidas de austeridade resultaram em reduções significativas nos salários dos funcionários públicos e na assistência social. Os trabalhadores humanitários também precisam de financiamento para suas atividades na região.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, precisa de US$ 35 milhões para fornecer ajuda alimentar a 1,2 milhão de pessoas em Gaza. Já o Programa Mundial de Alimentos, PMA, precisa de US$ 41 milhões para restaurar suas operações no Território Palestino Ocupado.
Além disso, o plano humanitário geral de US$ 502 milhões recebeu apenas 30% de financiamento.