Internacional
ONU abriga primeira conferência global sobre como medir corrupção
Líder do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, lembra que o crime mina a capacidade do mundo de responder adversidades e de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS
As Nações Unidas marcam os 20 anos de sua Convenção contra a Corrupção com a primeira conferência global para mensurar a prática, realizada em Viena, na Áustria.
No discurso de abertura do evento, nesta quinta-feira, a diretora-executiva do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Unodc, afirmou que a corrupção se espalha por “linhas turvas e prospera na ambiguidade.”
Estado de direito e ODS
Ghada Waly lembra que a corrupção também desvia recursos importantes para serviços essenciais, viabiliza o crime organizado e aprofunda desigualdades.
Em dezembro, o Unodc organizará a 10a. Conferência dos Estados Partes da Convenção, em Atlanta, nos Estados Unidos. Waly quer utilizar o evento para ajudar a renovar a cooperação internacional sobre as formas de mensurar a corrupção no mundo.
A chefe da agência da ONU também destaca que a corrupção mina a capacidade do mundo de responder a adversidades e a atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.
Temas como o combate a mudanças climáticas, degradação ambiental e as ameaças fundamentais à governança e ao Estado de direito em muitas partes do mundo serão debatidos.
Segundo o Unodc, um modelo de mensuração da corrupção, no mundo, pode ajudar a desenvolver clareza estabelecendo causas, consequências e tendências para identificar as falhas e fraquezas monitorando e avaliando a eficiência de políticas de combate à corrupção.
Medir corrupção não é fácil
Ghada Waly afirma que medir corrupção não é uma tarefa fácil. O crime tem formas diferentes entre os países e setores e é influenciado por fatores políticos, culturais, econômicos e sociais.
Estimativas e estatísticas relacionadas à corrupção são passíveis de perguntas e muitas metodologias contra esse tipo de crime não são muito claras.
Para a líder do Unodc, tudo isso leva a um panorama distorcido também em muitos países do chamado Sul Global, que segundo Waly, são considerados corruptos.
Ela acredita que esse também é um problema.
Processo internacional
A mensuração da corrupção precisa de uma abordagem específica e abrangente que possa incluir uma série de partes interessadas e voltada a diferenças entre países e regiões.
A agência da ONU coopera com países que precisam de ferramentas para medir a prática e que sejam de propriedade nacional, além de um processo internacional confiável, que possam ajudar as nações interessadas em enfrentar o crime.
O Unodc citou o exemplo de Gana e Nigéria que realizaram pesquisas nacionais sobre a corrupção.