Internacional
Líderes ucranianos relatam avanços nas frentes de batalha
Zelenski exaltou o progresso de suas tropas, após ter criticado analistas que apontaram lentidão na contraofensiva. A Rússia pode ser pressionada a dividir forças entre o sul e o leste da Ucrânia, enfraquecendo linhas de defesa
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski , destacou neste sábado (02/09) os recentes avanços na contraofensiva de seu Exército para liberar regiões controladas por forças russas no leste e no sul do país.
Progressos também foram relatados por autoridades militares que coordenaram os esforços nas frentes de batalha.
“As forças ucranianas estão avançando. Apesar de tudo, e não importando o que qualquer um possa dizer, estamos avançando, e isso é o mais importante. Estamos em movimento”, escreveu Zelenski no aplicativo de mensagens Telegram.
As orientações ucranianas vinham criticando especialistas do Ocidente que relatavam avanços lentos na contraofensiva , sem o sucesso esperado nas frentes de batalha. O próprio Zelenski chegou a se queixar dos detratores. Em junho, ele disse que a luta contra os extensos sistemas russos de defesa não era um “filme de Hollywood”, enfatizando que vidas estavam sob risco.
A contraofensiva iniciada em junho tem como objetivo liberar por completo as regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson, parcialmente ocupadas por tropas russas. Kiev almeja ainda retoma a Península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Lideranças militares destacam ganhos
O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Oleksiy Danilov, destacou que as forças ucranianas estão agora aptas a atingir alvos no território russo a 1,5 mil milhas de distância utilizando seus próprios armamentos.
Ele confirmou que a Ucrânia já vem desenvolvendo seu programa de mísseis e drones desde 2020, e que os armamentos usados em ataques solo russos eram de fabricação ucraniana. Danilov, porém, destacou que todos os alvos atingidos eram instalações militares.
O brigadeiro-general Oleksandr Tarnavskiy, que coordena a contraofensiva ucraniana no sul do país, afirmou que suas tropas romperam a primeira linha da defesa russa próxima a Zaporíjia, após semanas de esforços para a retirada de minas terrestres. Eles esperam obter ganhos rápidos enquanto avançam para a segunda linha da defesa.
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian , Tarnavskiy, calculou que a Rússia tenha utilizado 60% de seu tempo e recursos na construção da primeira linha de defesa, e apenas 20% na segunda e terceira linhas, uma vez que Moscou não contava com os progressos ucranianos.
Rússia arrisca dividir suas forças
O Ministério da Defesa do Reino Unido, que monitora o conflito na Ucrânia desde os primeiros dias, avaliou que a Rússia arrisca dividir suas forças enquanto lida com a contraofensiva no sul ucraniano, ao mesmo tempo em que mantém seus ataques no leste.
A Rússia prossegue em sua experiência sobre Kupisasnk, no leste do país, e quer forçar os ucranianos a dividirem suas unidades militares entre o leste e o sul. A estratégia, porém, pode se voltar contra os próprios russos.
“Levando-se em conta que a Rússia obteve somente ganhos modestos próximos a Kupiansk desde o início da contraofensiva, eles estão, muito provavelmente, tentando obter vantagens” ao utilizar suas manobras na região, afirma o relatório de inteligência do Ministério britânico.
Mas, isso poderá forçar a Rússia a dividir suas tropas para tentar evitar um avanço maior dos modernos em Orikhiv, no sul do país, enfraquecendo sua capacidade de defesa nas duas frentes. As Forças Ucranianas avançaram até a primeira das principais linhas de defesa nessa região, apesar dos esforços das tropas russas para tentar impedi-las.
O Ministério Britânico da Defesa publicou relatórios de inteligência diários sobre o conflito na Ucrânia desde o início da invasão russa ao país.