Internacional
Seminarista é queimado vivo na Nigéria
Covarde ataque a uma paróquia terminou de forma trágica em um país onde a cristofobia chega a níveis de genocídio
Os católicos da Nigéria estão sendo alvo de uma das mais aberrantes ondas de perseguição de que se tem notícia na atualidade – ou pior, de que “não” se tem notícia, já que a assim chamada “grande mídia” faz vistas grossas aos fatos chocantes que se acumulam no país mais populoso da África há vários anos.
Na quinta-feira passada, 7 de setembro, o seminarista Na’aman Ngofe Danlami, de 27 anos, foi queimado vivo durante um covarde ataque à paróquia de São Rafael em Kafanchan, no estado de Kaduna. As informações são da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), a partir de relatos em primeira mão do bispo local, dom Julius Kundi.
O bárbaro assassinato foi perpetrado por volta das 20 horas pelos não menos bárbaros criminosos da etnia fulani, um verdadeiro grupo terrorista formado por pastores nômades que seguem uma seita islâmica e, há anos, sob a inércia escandalosa das autoridades nigerianas, vêm atacando vilarejos cristãos do país.
De acordo com as informações de dom Julius, o ataque poderia ter sido ainda pior: outros dois sacerdotes conseguiram sair a tempo do edifício da reitoria paroquial, que foi inteiramente destruído pelas chamas. Um desses dois sacerdotes, aliás, era o pe. Emmanuel Okolo, a quem os criminosos pretendiam sequestrar. Não conseguindo, os bandidos resolveram incendiar a paróquia.
O bispo denuncia que existe um posto do exército nas imediações da igreja, mas nenhum efetivo das forças de segurança da Nigéria apareceu durante o ataque, tranquilamente perpetrado durante mais de uma hora sem qualquer reação dos militares:
“Há um posto de controle a um quilômetro de distância, mas houve total falta de reação. Os cidadãos nigerianos estão desprotegidos. Quase não nos beneficiamos das forças de segurança”.
Cristofobia assola a Nigéria
De fato, no mesmo dia deste brutal ataque, outro seminarista foi raptado em Kaduna: Ezekiel Nuhu, da diocese de Abuja, sequestrado juntamente com seu pai, com quem passava férias. A onda de sequestros na Nigéria, sobretudo de clérigos e freiras, é notícia tristemente frequente em Aleteia – contrastando com o omisso silêncio e indiferença de grandes veículos de comunicação do mundo inteiro, que preferem sustentar a narrativa ideológica de que não existe a cristofobia.
Na dura vida real, como recorda a Fundação AIS, estes enésimos ataques aumentam a longuíssima lista de violências contra a Igreja Católica na Nigéria. Só em 2022, os padres sequestrados no país foram 28, dos quais 4 foram assassinados. Nos primeiros 8 meses deste ano, os clérigos raptados já são 14.
A AIS tem denunciado ativamente a perseguição contra os católicos na Nigéria. Em junho, ao lançar em português o seu Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, a fundação levou à Assembleia da República, em Lisboa, o pe. Bernard Adukwu, nigeriano residente em Portugal há dez anos. Ele afirmou que “querem apagar a presença cristã” no seu país de origem e deu um breve, mas retumbante depoimento sobre a situação dramática dos cristãos nigerianos, em especial no norte do país e “sobretudo em Kaduna”, que é a região “onde os cristãos são mais perseguidos”.
“Tudo o que desejavas era ser sacerdote”
Sobre o assassinato covarde do seminarista Na’aman Ngofe Danlami na semana passada, dom Julius comentou:
“É uma perda terrível. Este seminarista é o segundo membro que perdemos na diocese devido a ataques terroristas por bandidos fulani. No ano passado, o pe. John Mark Cheitnum, diretor de comunicações da diocese de Kafanchan, também foi raptado e brutalmente assassinado”.
“Tudo o que desejavas era ser sacerdote”, recordou em homenagem ao jovem seminarista o site oficial da diocese de Kafanchan.
O corpo de Na’aman foi recolhido e levado para a casa mortuária, onde se realizaram as cerimônias fúnebres. Seu funeral se realizou nesta terça, dia 12.