Educação & Cultura
Programação especial destaca centenário da obra “A Paraíba e seus Problemas” na FCJA
“A Paraíba e seus problemas”, livro de importância fundamental na bibliografia de José Américo de Almeida, está completando 100 anos de publicação. Para celebrar a data, a Fundação Casa de José Américo (FCJA) organiza um seminário, a ser realizado em 10 de dezembro – data de criação da instituição – com o lançamento de duas fortunas críticas e a divulgação de uma pesquisa sobre a obra, atualmente em andamento na FCJA. As fortunas críticas referem-se à republicação de todas as críticas feitas ao livro, desde 1924, e uma compilação de textos inéditos.
O primeiro trabalho está sendo realizado pelo professor José Octávio de Arruda Mello, membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), e o segundo conta com a organização dos professores Cidoval Morais de Sousa, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), e Jivago Correia Barbosa, do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).
De relevância nacional, o livro de José Américo teve influência decisiva na origem de políticas públicas para o Nordeste brasileiro. Segundo Marcos Formiga, em sua análise “A Paraíba e seus problemas: 100 anos e ainda irresolutos”, a publicação também serviu de referência para a construção de obras como “O Quinze” (1930), de Rachel de Queiroz, “Casa Grande e Senzala” (1933), de Gilberto Freyre, “Menino de Engenho” (1933), de José Lins do Rego, e “Geografia da Fome” (1937), de Josué de Castro.
Parceria – A pesquisa sobre o livro é fruto de uma parceria entre a FCJA e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), que promove o projeto intitulado ‘Preservação da Memória e Difusão Educativa e Cultural do Acervo da Fundação Casa de José Américo’. Um dos cinco subprojetos dessa iniciativa é “A Paraíba e Seus Problemas: Permanências e Transformações”, coordenado pelo professor Jivago. “O objetivo é elaborar um material que reúna interpretações a respeito do livro e os impactos que ele causou na cena política nacional, instigando análises sobre permanências e transformações sociais, políticas e econômicas, tanto no âmbito estadual quanto no regional”, disse o coordenador.
De acordo com Jivago, uma das principais fontes de pesquisa foi o acervo do jornal A União, na Hemeroteca da FCJA. Também foram utilizados exemplares da revista Era Nova e do jornal Diário de Pernambuco, todos do período de lançamento do livro. “Do jornal pernambucano, estudamos especialmente o exemplar que contém uma resenha crítica do escritor Gilberto Freyre sobre a obra de José Américo”, ressaltou.
Metodologia – A equipe interdisciplinar que se formou a partir da seleção de pesquisadores (realizada por edital), desenvolveu atividades como uma visita técnica aos arquivos da Associação Comercial da Paraíba, em busca de uma cópia do memorial elaborado pelo Comitê de Propaganda Areiense — no qual José Américo atuou como relator — e uma reunião com a professora Rosa Godoy, doutora em história pela Universidade de São Paulo (USP), para debates e ajustes no andamento do projeto.
Ainda nessa etapa inicial, em que se realizaram debates sobre a trajetória de José Américo de Almeida, o destaque foi a mesa-redonda “José Américo de Almeida: trajetória política e literária”, promovida em parceria com o professor Luiz Mário Dantas Burity (UEPB).
Outro importante passo foi a produção do artigo intitulado “O Centenário de ‘A Paraíba e seus problemas (1923)’: seu legado e suas influências sobre a atuação de José Américo de Almeida à frente do Ministério da Viação e Obras Públicas durante Governo Provisório (1930-1934)”. O artigo foi apresentado no 32º Simpósio Nacional de História, em formato de banner, entre os dias 16 e 21 de julho de 2023, em São Luís (MA).
“Os últimos meses do projeto serão dedicados à publicação do artigo apresentado no simpósio e na elaboração de um segundo trabalho, além da produção do relatório final da pesquisa”, disse Jivago. A equipe que ele coordena é formada pela mestra em ciência da informação Ana Andréa Vieira de Castro, o estudante de história Enzo Cabral Fernandes Vieira e a aluna de letras Thayná Fernandes Ferreira — todos vinculados à Universidade Federal da Paraíba (UFPB).