Saúde
Suprimir pensamentos negativos de fato é bom para saúde mental e bem-estar
Não perca o seu dia ruminando sobre o que já passou: ficar repensando suas próprias melancolias causa mais depressão.
Suprimir os pensamentos faz bem?
A psicanálise e toda a herança de Sigmund Freud nos dizem que, se reprimirmos nossos sentimentos ou pensamentos, então esses pensamentos permanecem em nosso inconsciente, onde ficam “fermentando” até voltarem à superfície, influenciando perniciosamente nosso comportamento e nosso bem-estar.
A psicologia positiva e toda uma vasta gama de autores de autoajuda, por outro lado, destacam os efeitos de deixarmos de lado as emoções e pensamentos negativos, substituindo-os por emoções e pensamentos positivos.
Mas quem tem razão? A comunidade científica vinha ficando do lado de Freud.
Não perca o seu dia ruminando sobre o que já passou: ficar repensando suas próprias melancolias causa mais depressão.
“O objetivo da psicoterapia é desenterrar esses pensamentos para que possamos lidar com eles e roubar-lhes o poder. Nos anos mais recentes, nos tem sido dito que suprimir pensamentos é intrinsecamente ineficaz e que, na verdade, isso faz com que as pessoas pensem ainda mais no mesmo – é a ideia clássica de ‘Não pense num elefante cor-de-rosa’,” detalha o professor Michael Anderson, da Universidade de Cambridge (Reino Unido).
Contudo, quando a equipe de Anderson treinou 120 voluntários de 16 países para suprimir pensamentos sobre acontecimentos negativos que os preocupavam, os resultados mostraram que estes pensamentos não só se tornaram menos vívidos, como também a saúde mental dos participantes melhorou.
Ou seja, o saber científico vigente hoje, de que tentar suprimir pensamentos negativos seria ruim para nossa saúde mental, parece simplesmente estar errado.
Finalmente uma técnica comprovada para controlar as preocupações.
Pense positivo, não pense negativo
Foi pedido a cada participante que pensasse numa série de cenários possíveis e factíveis em suas vidas durante os próximos dois anos – 20 “medos e preocupações” negativos que eles temiam que pudessem acontecer, 20 “esperanças e sonhos” positivos, e 36 eventos rotineiros e mundanos neutros. Os medos deviam ser preocupações reais para eles, que repetidamente se intrometessem em seus pensamentos, como a perda do emprego, por exemplo.
Cada voluntário devia avaliar cada evento em vários pontos: Vivacidade, probabilidade de ocorrência, distância no futuro, nível de ansiedade sobre o evento (ou nível de alegria por eventos positivos), frequência de pensamento, grau de preocupação atual, impacto de longo prazo e intensidade emocional.
Então, cada um recebeu um treinamento para realizar um exercício de 20 minutos, a ser feito durante três dias, que envolvia 12 repetições de eventos “Não Imagine” e 12 “Imagine”, envolvendo cada uma das ideias negativas e positivas que haviam listado.
“Ficou muito claro que os eventos que os participantes praticaram suprimir se tornaram menos vívidos, menos indutores de ansiedade emocional, do que os outros eventos, e que, em geral, os participantes melhoraram em termos de saúde mental. Mas vimos o maior efeito entre os participantes que praticaram a supressão de pensamentos de medo, em vez de pensamentos neutros,” contou Zulkayda Mamat, responsável pelos experimentos.
E houve um efeito adicional: Embora não tenha sido pedido aos voluntários para que eles continuassem praticando a técnica, muitos deles optaram por fazê-lo espontaneamente. Quando a Dra. Mamat contatou os participantes após três meses para uma reavaliação, ela constatou que os benefícios em termos de níveis reduzidos de depressão e emoções negativas continuaram para todos os participantes, e foram ainda mais pronunciados entre os participantes que continuaram a usar a técnica nas suas vidas diárias.