Internacional
Restrições de acesso à ajuda humanitária em Gaza geram preocupação da ONU
ONU expressa frustração devido às restrições impostas pelos militares israelenses ao acesso à ajuda humanitária em Gaza; ambulâncias foram bloqueadas durante horas e trabalhadores foram revistados e detidos, prejudicando evacuações médicas essenciais
As agências de ajuda humanitária da ONU que operam na Faixa de Gaza expressaram frustração com as contínuas restrições de acesso à ajuda impostas pelos militares israelenses.
Com os bloqueios de assistência, a questão alimentar será debatida em sessão do Conselho de Segurança nesta terça-feira. Representantes da ONU de Assuntos Humanitários e de agências como o Programa Mundial de Alimentos, PMA, devem apresentar atualizações na reunião.
Acesso à ajuda humanitária
No final de semana, ambulâncias que transportavam pacientes de um hospital atingido foram paradas por várias horas enquanto os profissionais de saúde foram revistados e detidos.
Segundo a equipe humanitária da ONU na Palestina, esse não é um incidente isolado. Os comboios de ajuda são constantemente atacados e o acesso às pessoas necessitadas é sistematicamente negado. Os trabalhadores humanitários evacuaram 24 pacientes do hospital Al Amal em Khan Younis, ao sul do enclave.
Segundo o porta-voz do Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, quase todos os pacientes no Al Amal precisam de alguma intervenção cirúrgica que não pode ser feita no local. Jens Laerke adicionou que 31 pacientes não críticos não puderam ser evacuados.
Falando em Genebra, Laerke confirmou que a missão de evacuação havia sido sinalizada para as autoridades israelenses, que haviam reconhecido essa notificação, como parte dos protocolos padrão de desescalada.
Missão de misericórdia
Larke declarou que os militares israelenses não deram nenhuma informação ou comunicação sobre o motivo pelo qual as ambulâncias foram detidas por pelo menos sete horas. Também não foi explicado por que paramédicos foram “removidos e coagidos a se despir”, sendo que dois seguem detidos até o momento.
Este comboio, liderado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, se dirigiu no último domingo para o hospital Al Amal. No local, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestina, parceira da ONU, evacuou 24 pacientes, incluindo uma gestante e um recém-nascido.
O hospital, administrado pelo Crescente Palestino, esteve no centro das operações militares no sul da cidade de Gaza por mais de um mês, sofrendo 40 ataques entre 22 de janeiro e 22 de fevereiro, que deixaram pelo menos 25 mortos.
Atualmente, apenas 12 dos 36 hospitais funcionam parcialmente, sendo seis no norte e outros seis no sul. Segundo a OMS, 15 equipes médicas de emergência também foram mobilizadas no sul de Gaza, com quatro hospitais de campanha com uma capacidade combinada de 305 leitos.
Chegada de suprimentos
No último sábado, a missão de socorro da ONU em Al Amal entregou com sucesso suprimentos médicos, medicamentos e antibióticos extremamente necessários, além de alimentos, água e combustível para os geradores.
Segundo a OMS, os profissionais de saúde confirmaram que puderam sair dos prédios do hospital dentro do complexo no sábado, depois de um mês encurralados e temendo a violência, já que havia combates na área e o hospital havia sido atingido várias vezes.
Antes da guerra, o hospital tinha 100 leitos e se concentrava na saúde materno-infantil, com alguma capacidade de atender às necessidades básicas de cirurgia e medicina interna, além de serviços especializados de reabilitação. Mas a destruição causada pelo bombardeio reduziu a capacidade para cerca de 60 leitos.
Seis entidades da ONU participaram da operação que forneceu suprimentos suficientes para tratar 50 pacientes com trauma. Até o momento, mais de 30 mil habitantes de Gaza foram mortos, a maioria mulheres e crianças, de acordo com a autoridade de saúde de Gaza.
Em meio a repetidos apelos internacionais por um cessar-fogo, as negociações continuam entre as autoridades israelenses e os representantes do Hamas para a libertação dos reféns e dos prisioneiros palestinos mantidos em Israel.