Internacional
Hospitais em Berlim rejeitam pacientes devido a covid-19
Pandemia sobrecarrega clínicas na capital alemã, em país considerado referência no setor de saúde. Nações europeias relaxam restrições no dia em que continente supera 400 mil mortes pelo coronavírus
Um dos maiores hospitais da Alemanha, situado em Berlim, anunciou que não está mais aceitando pacientes em seu setor de emergência devido aos muitos casos de covid-19, segundo reportagem publicada neste sábado (28/11) pelo jornal Der Tagesspiegel. De acordo com o jornal Berliner Zeitung, outros três hospitais da capital alemã não estão mais acolhendo novos pacientes em suas unidades de tratamento intensivo, devido à sobrecarga de doentes.
A clínica Vivantes no bairro berlinense de Neukölln não deve mais aceitar pacientes no setor de emergência. De acordo com Der Tagesspiegel, a administração do hospital instruiu as ambulâncias a levarem pacientes para outros hospitais da cidade.
O hospital possui um pronto-socorro de alta frequência, considerado um dos mais importantes da capital alemã e arredores. De acordo com o periódico, 85% dos 1.200 leitos do hospital estão ocupados.
“O problema não são os leitos ocupados, mas sim a falta de pessoal de enfermagem”, afirmou Thomas Werner, médico da clínica Vivantes do bairro de Friedrichshain. Ele acrescentou que na maioria dos setores hospitalares há falta de cerca de 15% de profissionais de enfermagem, “porque eles próprios estão doentes ou em quarentena”.
De acordo com o diário Berliner Zeitung três outras clínicas berlinenses pararam de aceitar novos pacientes em suas UTIs, devido à sobrecarga de pacientes nesses setores. Outras clínicas também reportam estarem com leitos limitados em suas UTIs.
UTIs alemãs têm alta lotação
O país registrou mais de 1 milhão de casos de covid-19 desde o início da pandemia. O número de pacientes com vírus em terapia intensiva disparou de cerca de 360 no início de outubro para mais de 3.500 na semana passada.
Isso apesar de uma série de medidas restritivas impostas na Alemanha desde o dia 2 de novembro para tentar conter uma segunda onda de contágio, com fechamento de restaurantes, bares, academias e áreas de lazer, enquanto escolas, lojas e salões de cabeleireiro continuam abertos.
As medidas impediram o aumento exponencial dos casos de coronavírus, mas as cifras de infecções continuam altas no país. Neste sábado, a Alemanha registrou 21.695 novos casos confirmados de coronavírus, de acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental alemã de controle e prevenção de doenças infecciosas.
Também neste sábado, a Europa registrou mais de 400 mil mortos em decorrência da covid-19. O Reino Unido foi responsável por 57.551 óbitos, seguido pela Itália, com 53.677; França, com 51.914, e Espanha, com 44.668.
França, Irlanda e Bélgica flexibilizam
Apesar disso, alguns países europeus estão relaxando suas restrições. Na França, o comércio pode reabrir a partir deste sábado. No entanto, restaurantes, bares e cafés, bem como instalações desportivas e culturais permanecem fechados. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a propagação do vírus diminuiu, mas que são necessários mais esforços para prevenir uma terceira onda. Pessoas podem ter mais tempo para praticar esportes e caminhadas ao ar livre. Em vez de uma hora por dia, agora são permitidas três. Os cidadãos tiveram ampliada a distância em que podem se afastar de seus lares, de um perímetro de um quilômetro para 20 quilômetros.
A Irlanda está relaxando as medidas de restrição após um lockdown de seis semanas. A partir da próxima semana, todas as lojas, restaurantes e estúdios de ginástica podem reabrir, conforme anunciou o primeiro-ministro do país, Michael Martin. A partir de 18 de dezembro, as viagens entre os municípios devem ser permitidas novamente, para possibilitar um Natal “diferente, mas especial”. Entre 18 de dezembro e 6 de janeiro, até três famílias podem se reunir novamente em particular. A Irlanda foi um dos primeiros países europeus a impor novamente um bloqueio na segunda onda coronavírus.
Também na Bélgica, a partir de 1º de dezembro, o comércio poderá reabrir sob rígidas regras de higiene – não só apenas lojas de produtos essenciais, como até agora. Apesar da redução do números de casos e internações no país nas últimas semanas, a situação continua tensa, segundo o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo. “Não sobreviveríamos a uma terceira onda”, alertou. Ainda permanecem em vigor no país restrições sociais e o toque de recolher noturno. Uma proibição de fogos de artifício em todo o país continua válida durante as festas de Ano Novo. Restaurantes e bares permanecem fechados, assim como cabeleireiros e outros serviços.