Internacional
O que se sabe sobre o ataque terrorista em Moscou
Homens abriram fogo contra uma sala de concertos nos arredores da capital russa e mataram mais de uma centena de pessoas, no atentado mais mortal em 20 anos no país. EI reivindica autoria, e Rússia prende 11 suspeitos
Um grupo de homens armados invadiu uma sala de concertos na região metropolitana de Moscou, capital russa, nesta sexta-feira (22/03), abriu fogo contra o público e matou ao menos 133 pessoas, no ataque mais mortal na Rússia desde o cerco a uma escola de Beslan em 2004.
O ataque
Os homens, armados com fuzis automáticos Kalashnikov, chegaram à sala de concertos Crocus City Hall por volta das 19h40 (horário local) em uma minivan. Segundo a imprensa russa, havia até cinco homens. O diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB), Alexander Bortnikov, informou ao presidente russo, Vladimir Putin, que havia quatro agressores, disse o Kremlin.
Naquela noite, uma banda de rock da era soviética chamada Picnic se apresentaria na sala de 6.200 lugares, com ingressos esgotados. Os espectadores ainda se sentavam em suas cadeiras quando o grupo de agressores começou a atirar em civis à queima-roupa.
Segundo testemunhas, eles primeiro abriram fogo no saguão de entrada da casa, através das portas de vidro perto das catracas, e depois seguiram em direção ao salão principal. Vídeos mostraram os terroristas atirando em civis aos gritos com armas automáticas, enquanto alguns corriam para as saídas. Corpos eram então vistos imóveis.
Em seguida, os agressores incendiaram a sala, derramando um líquido inflamável nas cortinas e cadeiras antes de pôr fogo. Vídeos nas redes sociais mostraram chamas tomando o prédio e nuvens de fumaça preta manchando o céu, enquanto luzes azuis de centenas de veículos de emergência piscavam.
O incêndio, que se espalhou por quase 13 mil metros quadrados, levou horas para ser contido. Parte do telhado do Crocus City Hall, que fica em um complexo comercial no distrito de Krasnogorsk, a cerca de 20 km da capital russa, desabou.
As vítimas
O Comitê de Investigação da Rússia, departamento que apura crises graves, afirmou neste sábado (23/03) que o número de mortos subiu para 133 – uma cifra que ainda deve aumentar, em meio às buscas nos escombros estimadas para durar vários dias.
Já uma editora da TV estatal russa falou em 143 mortos, mas não forneceu a fonte da informação. Crianças estariam entre as vítimas.
Algumas fontes disseram que 145 ficaram feridos, enquanto a administração da região de Moscou falou em 121 feridos. Dezenas estariam em estado crítico.
A agência de notícias Tass informou que os membros da banca Picnic foram retirados do local com segurança.
A responsabilidade
O grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI) assumiu a responsabilidade pelo ataque na Rússia, segundo informou no Telegram a agência Amaq, ligada ao grupo.
“Combatentes do Estado Islâmico atacaram uma grande concentração de cristãos no distrito de Krasnogorsk nos arredores da capital russa, Moscou, matando e ferindo centenas e causando grande destruição ao local, antes de se retirarem para suas base com segurança”, diz a nota.
Duas autoridades americanas afirmaram que os Estados Unidos têm informações de inteligência que confirmam a reivindicação de responsabilidade do EI. Elas acrescentaram que Washington alertou a Rússia nas últimas semanas sobre a possibilidade de um ataque – o que levou inclusive a embaixada dos EUA em Moscou a emitir um alerta aos americanos.
Há duas semanas, a embaixada americana na Rússia alertou que “extremistas” tinham planos iminentes de um ataque em Moscou.
Horas antes do alerta da embaixada, o Serviço Federal de Segurança (FSB) disse ter frustrado um ataque a uma sinagoga de Moscou realizado por um grupo afiliado do “Estado Islâmico” no Afeganistão, conhecido como ISIS-Khorasan ou ISIS-K e que busca um califado no Afeganistão, Paquistão, Turquemenistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Irã.
“Alertamos os russos de forma adequada”, afirmou uma das autoridades americanas, falando sob condição de anonimato.
Os agressores
A imprensa russa fala em cinco homens armados, enquanto as autoridades russas apontam quatro, assim como o “Estado Islâmico”, embora a quantidade exata de agressores não tenha sido confirmada de forma independente. Uma imagem granulada publicada por alguns veículos russos mostra dois dos supostos agressores em um carro branco.
O FSB afirmou que 11 pessoas foram detidas em relação com o ataque, incluindo “todos os quatro perpetradores”. Segundo o órgão, alguns dos suspeitos fugiram em direção à fronteira entre a Rússia e a Ucrânia e teriam “contatos apropriados” no país.
A Ucrânia, por sua vez, acusou o Kremlin e seus serviços de orquestrar o ataque para justificar uma escalada na guerra. O Ministério das Relações Exteriores ucraniano disse que as acusações contra o país eram “uma provocação planejada pelo Kremlin para alimentar ainda mais a histeria antiucraniana na sociedade russa”.
O ex-presidente russo Dmitri Medvedev disse que Moscou “destruiria” os líderes ucranianos se fosse descoberto que eles estavam envolvidos.