Saúde
Implante envolvente representa nova abordagem para tratamento da medula espinhal
Visão total da medula espinhal
Um minúsculo dispositivo eletrônico flexível, projetado para envolver a medula espinhal, inaugura uma nova abordagem para o tratamento de lesões na coluna, que podem causar incapacidade profunda e paralisia.
Uma equipe de engenheiros, neurocientistas e cirurgiões da Universidade de Cambridge (Reino Unido) desenvolveu a tecnologia e já demonstrou que ela é capaz de registrar os sinais nervosos que vão e voltam entre o cérebro e a medula espinhal. Ao contrário das abordagens atuais, os dispositivos podem registrar informações de 360 graus, dando uma imagem completa da atividade da medula espinal.
“A maioria das tecnologias para monitorar ou estimular a medula espinhal interage apenas com neurônios motores ao longo da parte posterior ou dorsal da medula espinhal,” disse o Dr. Damiano Barone. “Essas abordagens só podem atingir entre 20 e 30 por cento da coluna, então você obtém uma imagem incompleta.”
Testes em modelos de animais vivos e corpos humanos mostraram que os dispositivos também podem estimular o movimento dos membros, de modo a contornar lesões completas da medula espinhal, onde a comunicação entre o cérebro e a medula espinhal foi completamente interrompida.
Esta tecnologia dispensa uma cirurgia no cérebro.
Uso imediato para pesquisas
A maioria das abordagens atuais para o tratamento de lesões na coluna vertebral envolve a perfuração da medula espinhal com eletrodos e a colocação de implantes no cérebro, ambas cirurgias de alto risco. Os novos dispositivos permitem tratar as lesões na coluna sem a necessidade de cirurgia cerebral, o que é muito mais seguro para os pacientes.
Embora esses tratamentos mais avançados ainda exijam vários anos de desenvolvimento, os pesquisadores afirmam que os dispositivos podem ser úteis no curto prazo para monitorar a atividade da medula espinhal durante uma cirurgia. Uma melhor compreensão da medula espinhal, que é difícil de estudar, poderia levar a melhores tratamentos para uma série de condições, incluindo dor crônica, inflamação e hipertensão.
“Tem sido quase impossível estudar toda a medula espinhal diretamente em um ser humano, porque ela é muito delicada e complexa,” disse Barone. “O monitoramento durante a cirurgia nos ajudará a compreender melhor a medula espinhal sem danificá-la, o que por sua vez nos ajudará a desenvolver melhores terapias para condições como dor crônica, hipertensão ou inflamação. Esta abordagem mostra um enorme potencial para ajudar os pacientes.”