ECONOMIA
Bolsa brasileira e real estão entre os piores desempenhos do mundo em 2024
Em um cenário marcado pela turbulência econômica global, o Brasil enfrenta um dos piores momentos de sua história recente no mercado financeiro internacional. Em 2024, tanto a Bolsa de Valores quanto o câmbio brasileiro figuram entre os mais afetados negativamente em comparação com outras economias globais.
A Bolsa brasileira, representada pelo índice Ibovespa, acumula uma queda significativa de mais de 10% no ano, um desempenho drasticamente desfavorável em contraste com o panorama de crescimento registrado na maioria das principais praças financeiras ao redor do mundo. Esse declínio abrupto é ainda mais alarmante quando comparado ao cenário otimista observado no fechamento de 2023, quando recordes foram alcançados.
Simultaneamente, o real brasileiro enfrenta uma desvalorização acentuada frente ao dólar americano, com uma queda acumulada de aproximadamente 10% desde o início do ano. Este movimento coloca a moeda nacional em uma posição desfavorável, situando-se como uma das mais depreciadas entre as principais divisas internacionais, superada apenas pelo iene japonês em termos de perda de valor.
O cenário adverso nos mercados financeiros brasileiros é reflexo direto da crescente percepção de risco por parte dos investidores internacionais em relação ao país. Essa percepção foi intensificada por incertezas persistentes sobre a condução das políticas econômica e monetária, além da deterioração contínua das condições fiscais do Brasil.
Um dos indicadores que reflete essa desconfiança é o risco-país, medido pelo CDS de cinco anos, que registrou um aumento significativo de 18,67% desde o início do ano. Esse incremento coloca o Brasil ao lado de China e Índia como uma das poucas economias entre as maiores do mundo a verem uma elevação nesse indicador crucial para a confiança dos investidores.
A necessidade de compensar o aumento do risco tem se refletido em taxas de juros cada vez mais elevadas. Contratos de longo prazo no Brasil já ultrapassaram a marca de 12% ao ano, um aumento substancial em relação aos 10,36% observados no início de 2024. Essa elevação nos custos de financiamento reflete a aversão ao risco por parte dos investidores e as preocupações com a sustentabilidade das políticas econômicas adotadas.
Analistas do mercado financeiro são unânimes ao afirmar que as perspectivas de curto prazo para o Brasil continuam desafiadoras, com poucas indicações de melhora iminente. A combinação de incertezas internas exacerbadas e um ambiente global menos favorável tem contribuído para agravar a situação, afastando investidores e prejudicando a atratividade dos ativos brasileiros.
Externamente, a mudança de expectativas em relação à política monetária dos Estados Unidos tem exercido pressão adicional sobre os mercados emergentes, incluindo o Brasil. A expectativa inicial de cortes nas taxas de juros americanas foi frustrada pela robustez surpreendente da economia dos EUA, o que diminuiu o apetite por ativos de maior risco em outras partes do mundo.
Internamente, a gestão das políticas econômicas enfrenta desafios consideráveis, exacerbados por decisões recentes que diminuíram as metas de superávit primário para os próximos anos. Essas medidas têm sido interpretadas pelo mercado como indicativos de um compromisso fiscal menos rigoroso, aumentando as preocupações sobre a sustentabilidade das finanças públicas brasileiras.
Em resumo, a Bolsa brasileira e o real enfrentam um dos períodos mais difíceis em 2024, marcados por um desempenho abaixo das expectativas e uma crescente aversão ao risco por parte dos investidores. A incerteza persistente, tanto no cenário interno quanto externo, sugere que os desafios econômicos do Brasil podem continuar a pesar sobre os mercados financeiros em breve, exigindo cautela e uma abordagem estratégica por parte dos investidores e das autoridades econômicas do país.