Internacional
Premiê do Líbano é indiciado por explosão em Beirute
Hassan Diab, que ocupa interinamente a chefia de governo, e três ex-ministros são acusados de negligência após tragédia que matou mais de 200 e deixou mais de 6 mil feridos e 300 mil desabrigados
O primeiro-ministro interino do Líbano, Hassan Diab, e mais três ex-ministros foram indiciados nesta quinta-feira (10/12) no inquérito que investiga a explosão ocorrida no dia 4 de agosto no porto de Beirute, que matou mais de 200 pessoas e deixou em torno de 6,5 mil feridos.
O promotor encarregado do caso pediu o indiciamento de Diab e dos ex-ministros Ali Hasan Jalil, Ghazi Zaiter e Yusuf Fenianos por negligência e os acusou de serem os responsáveis pelas mortes e pelo grande número de feridos.
Os acusados se demitiram de seus cargos após a explosão, embora Diab tenha permanecido como primeiro-ministro interino até a formação de um novo governo.
A explosão foi aparentemente deflagrada por um incêndio em um armazém do porto, que acabou atingindo um carregamento de nitrato de amônio que estava armazenado irregularmente no local há cerca de seis anos, sem qualquer fiscalização pelas autoridades.
O juiz responsável pelo caso determinou que o interrogatório dos ex-ministros deve ocorrer entre a próxima segunda e quarta-feira, no Palácio de Justiça de Beirute. Diab será ouvido na sede do governo libanês.
Ali Hasan Jalil foi ministro das Finanças entre 2014 e 2020, período em que que o nitrato de amônio permaneceu armazenado no porto da capital. Ghazi Zaiter chefiava a pasta de Obras Públicas e Transporte em 2014, até ser sucedido dois anos depois por Yusuf Fenianos.
Inquérito chega ao alto escalão do governo
Os quatro são as autoridades de mais alto escalão a serem indiciados no inquérito. Outras 30 autoridades de segurança, portuária e de alfandega já foram detidas em decorrência das investigações.
A explosão de quase 3 mil toneladas do material usado em fertilizantes causou uma onda devastadora, que atingiu bairros inteiros da capital e deixou mais de 300 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Nos últimos meses, vinha aumentando no país a insatisfação com a lentidão das investigações, além da falta de respostas e do fato de que nenhuma das principais autoridades do país havia sido indiciada.
“Consciência tranquila”
Após a explosão, o presidente do Líbano, Michel Aoun, admitiu que sabia da existência de uma grande quantidade de nitrato de amônio no porto até duas semanas antes da tragédia.
Nesta quinta-feira, o gabinete de Diab afirmou que ele está confiante de sua “responsabilidade e transparência” no que diz respeito ao incidente.
O ex-professor da Universidade Americana de Beirute, que assumiu o cargo no final ano passado e renunciou dias após a explosão, estaria “surpreso por se tornar um alvo” e disse estar com a consciência tranquila em relação ao ocorrido.