Internacional
Premiê diz que autoridades suecas subestimaram coronavírus
Primeiro-ministro Stefan Löfven afirma que autoridades de saúde avaliaram mal poder de ressurgimento do vírus. Comissão afirma que governo fracassou na proteção dos idosos
As autoridades de saúde da Suécia, que optaram por não impor um confinamento nacional em resposta à primeira onda da pandemia do novo coronavírus, avaliaram mal o poder do ressurgimento do vírus, disse nesta terça-feira (15/12) o primeiro-ministro Stefan Löfven.
“Acho que a maioria das pessoas da área não conseguiu ver uma onda como esta a sua frente, elas falaram sobre diferentes clusters“, disse o primeiro-ministro ao jornal Aftonbladet.
Uma comissão que analisou a reação sueca à pandemia de covid-19 divulgou suas conclusões preliminares nesta terça-feira, com uma série de críticas, em particular, ao modo como o país lidou com os idosos.
Segundo a comissão, a estratégia sueca para proteger os mais velhos fracassou, e o presidente da comissão, Mats Melin, afirmou que governo atual e os anteriores são os principais responsáveis.
A culpa pelas deficiências estruturais no sistema de saúde do país pode ser atribuída a várias autoridades e organizações. As medidas adotadas no primeiro semestre do ano foram tardias e insuficientes, acrescentou a comissão.
O país de pouco mais de 10 milhões de habitantes já acumula 341.029 infecções confirmadas e 7.667 mortes associadas à doença, números bem mais altos do que os de seus vizinhos Noruega, Finlândia e Dinamarca.
O governo tinha a intenção de estabelecer a comissão após o final da crise de saúde, mas enfrentou forte pressão para que agisse mais cedo.
Críticas ao “modelo sueco”
O epidemiologista-chefe do governo, Anders Tegnell, defendeu a controversa estratégia do país, o chamado “modelo sueco”, de não impor um lockdown e confiar no senso de civismo da população, mesmo com a Suécia tendo um dos maiores índices de morte per capita por covid-19 no mundo.
As autoridades recomendaram o distanciamento social e a observação das regras de higiene, mas escolas, bares e restaurantes puderam continuar abertos, ao contrário do que ocorreu na maioria dos outros países europeus.
Entretanto, várias autoridades, incluindo Tegnell, vêm sendo criticadas. Algumas até se desculparam pelo fracasso em proteger os idosos, principalmente nas casas de repouso. O relatório da comissão afirma que, nos países vizinhos, os cuidados aos mais velhos estavam entre as prioridades dos governos desde o início da pandemia.
Os casos de covid-19 começaram a aumentar no país no segundo semestre, após o verão no hemisfério norte. As infecções se espalharam rapidamente entre os profissionais de saúde, o que aumentou a pressão para que o governo adotasse medidas mas rígidas, incluindo uma proibição à venda de bebidas alcoólicas em todo o país após as 22hs. Atualmente, reuniões sociais com mais de oito pessoas estão proibidas no país.
A agência de estatísticas do país afirma que, somando todas as causas de mortes, 8.088 óbitos foram registrados no mês de novembro em todo o pais – a mortalidade mais alta desde a devastação causada pela gripe espanhola, entre 1918 e 1920. Somente em novembro de 1918 morreram 16,6 mil pessoas, segundo dados da agência.