Internacional
Mortes por covid-19 disparam em dezembro na Alemanha
A segunda onda do coronavírus vem sendo assustadoramente mais mortal do que a primeira. Antes exaltado como exemplo na pandemia, país fracassou em conter avanço da doença e lida com recordes diários de casos e óbitos
O mês de dezembro na Alemanha já é o mais mortal da pandemia de covid-19 até agora, com quase 10 mil mortes nas três primeiras semanas. Os números são assustadoramente maiores do que os meses anteriores ou do que o total registrado durante o auge da doença no primeiro semestre.
Até este domingo (20/10), o Instituto Robert Koch (RKI) a agência governamental de prevenção e controle de doenças, já somava 9.801 mortes associadas ao coronavírus somente em dezembro. É bem provável que o total atinja o dobro o número de óbitos registrados em novembro (5.796).
Os números são ainda mais impressionantes se comparados às 964 mortes registradas em todo mês de outubro ou aos 190 óbitos ocorridos em setembro. O número de vítimas da doença nos meses do auge da primeira onda – entre março e maio – foi de 7.869, bem abaixo de outros países europeus como França, Itália, Reino Unido e Espanha.
Alemanha chegou a registrar neste mês em torno de 500 mortes por dia e, algumas vezes, mais de 30 mil infecções diárias. Neste domingo, segundo o RKI, o país teve 26.049 novos casos e 409 óbitos, sendo que nos finais de semana a contagem pode ser prejudicada por falhas no envio dos dados regionais.
O país que foi exaltado pelo modo como lidou com a primeira onda da pandemia, fracassou em conter o novo aumento das infecções, mesmo com a imposição de um lockdown. Com os novos recordes nos números de mortes e de casos, os dados de dezembro podem indicar que o país ainda não teria atingido o auge da segunda onda da doença.
Fracasso do “lockdown light”
Após a tentativa do governo de implementar o chamado “lockdown light”, que permitiu que boa parte dos setores da economia e de serviços permanecesse aberta, a Alemanha teve de adotar uma série de medidas mais rigorosas para conter o vírus, que entraram em vigor na última quarta-feira.
As medidas se assemelham ao primeiro lockdown e incluem fechamento de escolas e creches e do comércio não essencial até 10 de janeiro. Empresas estão orientadas a dispensar ou dar férias aos funcionários e a dar prioridade ao trabalho remoto.
Encontros privados continuam limitados a um máximo de cinco pessoas de dois domicílios. Nos feriados de Natal, entre 24 e 26 de dezembro, devem ser permitidos encontros com outras quatro pessoas de fora do próprio domicílio, contanto que elas sejam parentes próximos. Nas festas de Ano Novo, são proibidas reuniões e aglomerações públicas, assim como a venda e a queima de fogos de artifício em público.
A vacinação contra a covid-19 tem início marcado para o dia 27 de dezembro, o que deverá trazer alívio para a população, apesar de ser um processo que deverá levar vários meses.
Possível ampliação do lockdown
Várias lideranças políticas criticam a lentidão nas preparações para a campanha de imunização. O governador da Baviera, Markus Söder, disse que as vacinas deveriam ser “uma prioridade política absoluta”. Em entrevista publicada neste domingo pelo jornal Bild am Sonntag, ele afirmou que o lockdown poderá ser ampliado para além de 10 de janeiro.
“Os números atuais são tão altos que seria errado iniciar agora um debate sobre o relaxamento [das restrições]. Infelizmente, o inverno do coronavírus ainda deve ser longo”, alertou.
Nesta segunda-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) publicará o resultado final de sua avaliação sobre vacina desenvolvida pela Pfizer em parceria com a empresa alemã Biontech, que já está sendo utilizada em campanhas de vacinação em outros países, com os Estados Unidos e o Reino Unido.
Na Alemanha, a imunização deve ser realizada em mais de 400 centros regionais, com equipes móveis de vacinação que se deslocarão até casas de repouso e clínicas.
Maioria apoia vacinação e restrições
Um levantamento divulgado pelo instituto de pesquisas Kantar revela que 62% dos alemães desejam ser vacinados contra a covid-19, enquanto 32% rejeitam o imunizante. Outros 6% ainda não tinham opinião formada sobre a questão.
Segundo outra pesquisa realizada pelo instituto YouGov, 83% das mais de 2 mil pessoas entrevistadas disseram que vão acatar as restrições para o período de Natal, sendo que um em cada dez planejam desobedecer as regras.