Politíca
Hugo Motta: o caminho livre para o comando da Câmara dos Deputados
O roteiro para a eleição da presidência da Câmara dos Deputados em 2025 já parece escrito. Hugo Motta, deputado federal pelo Republicanos da Paraíba, desponta como o protagonista de uma vitória praticamente certa. O apoio maciço de 16 partidos, que somam 429 parlamentares, deixou a concorrência sem espaço. O movimento mais recente, e talvez o mais decisivo, veio do PSD.
Nesta semana, o PSD, sob a liderança de Gilberto Kassab, fez um movimento inesperado, mas calculado: retirou a candidatura de Antonio Brito, que até então era uma das poucas vozes contra Hugo Motta. Numa coletiva marcada por discursos afinados, Brito anunciou sua saída e selou o apoio incondicional do PSD ao paraibano.
“Chegamos a uma decisão unânime. O PSD entende que este é o momento de unirmos forças e garantir estabilidade a Casa. Hugo Motta já demonstrou capacidade de liderar e agregar”, disse Brito, flanqueado por Kassab.
O PSD, que mostrou força nas eleições municipais de 2024, ao invés de dividir, escolheu fortalecer a coalizão que vem catapultando Motta.
Hugo Motta não construiu essa hegemonia por acaso. Ele soube articular, ouvir, ceder e convencer. Os apoios vieram de todos os lados: da esquerda, direita, centro. Siglas como PP, PT, PL, PSDB e PSB estão no mesmo barco. Um movimento raro num Congresso que vive em guerra constante.
Arthur Lira, atual presidente da Câmara, teve papel fundamental nessa engenharia política. Usou sua influência e costurou apoios que deram a Motta uma vantagem insuperável. Para vencer a eleição, são necessários 257 votos. Motta já tem 429 comprometidos. Fim de jogo? Quase.
Com o cenário desenhado, a eleição de Hugo Motta virou quase um ritual. Em fevereiro de 2025, ele deve ser confirmado como presidente da Câmara. A votação será mais um espetáculo formal do que uma verdadeira disputa.
Motta representa uma nova geração, mas sua vitória também carrega desafios. O cargo exige habilidade para mediar conflitos, equilibrar interesses e manter a agenda legislativa fluindo. Ele terá que mostrar que a coalizão construída para sua vitória não se desmancha diante das pressões diárias.
Assumir o comando da Câmara significa entrar na linha de frente do poder político no Brasil. Motta terá nas mãos a capacidade de pautar debates que influenciam diretamente os rumos do país. Será observado de perto, não apenas por seus aliados, mas também pelos que aceitaram ceder espaço em nome de uma estabilidade prometida.
Essa eleição não é apenas sobre quem preside a Câmara, mas sobre como os bastidores da política brasileira são moldados. E, até agora, Hugo Motta tem mostrado que sabe jogar o jogo como poucos. Ele entra para a história antes mesmo de ocupar a cadeira mais importante da Casa.