Internacional
Aumentam entradas ilegais de moçambicanos na África do Sul
Com o encerramento, a 12 de janeiro, das 20 fronteiras terrestres da África do Sul, aumentaram as entradas ilegais no país. Entre os migrantes que “furam” a fronteira estão centenas de moçambicanos
Em nove dias de fronteiras fechadas, cerca de mil moçambicanos tentaram entrar ilegalmente na África do Sul e foram detidos e deportados. Muitos tentam entrar na África do Sul mais do que uma vez. O desespero é grande.
“Não me vou sentar e cruzar as mãos. Isso não me vai dar comida. Vou tentar atravessar a fronteira até conseguir chegar onde vou. Tentei duas vezes e me pegaram, mas não vou desistir”, garante um imigrante à DW África.
As autoridades de imigração da África do Sul afirmam que estão a deportar, a cada 20 minutos, dezenas de imigrantes ilegais. O país fechou as fronteiras terrestres até 15 de fevereiro para evitar longas filas nos postos fronteiriços e travar a propagação da Covid-19, em particular desde que foi descoberta uma nova estirpe, considerada mais contagiosa.
No meio de um grupo de homens que se fez às matas para tentar chegar a Joanesburgo, encontramos uma senhora, com aparência de 30 anos de idade, com uma criança às costas e uma pequena pasta.
“Encontro-me aqui porque vendo bens como forma de obter dinheiro para o sustento e educação dos meus filhos. Tenho passaporte, mas, como não estão a aceitar dar-me o visto de entrada, não me restou outra opção a não ser atravessar a fronteira ilegalmente”, conta.
Do outro lado da estrada aguarda um “minibus” de matrícula sul-africana, que rapidamente recolhe os imigrantes ilegais e inicia o seu percurso.
Conivência da guarda-fronteira
Estas travessias clandestinas estariam a acontecer com a conivência de alguns guardas de fronteira, mediante pagamento, segundo o relato de várias pessoas que conseguiram chegar a Joanesburgo.
Os guardas não falam sobre o assunto. O diretor geral da fronteira de Lebombo, Tommy Makhode, denuncia a existência de um “sindicato” que transporta os imigrantes.
Para o travar, foram erguidos vários postos de controlo, desde a fronteira de Lebombo até à fronteira de Mbuzine, numa distância de cerca de 100 quilómetros: “Estamos preocupados pelo facto de, apesar de informarmos repetidamente que somente os portadores de documentos válidos, segundo as nossas leis de imigração, podem entrar no nosso país, continuamos a assistir a grande número de ilegais a entrar na nossa República, através de áreas não designadas de pontos de entrada”.
No entanto, o responsável diz não saber o número exato de moçambicanos que atravessaram ilegalmente a fronteira para a África do Sul desde o encerramento das fronteiras, a 12 de janeiro.
Até ao fecho desta reportagem, as autoridades moçambicanas, através da sua Embaixada em Pretória e do seu Consulado em Mpumalanga, não aceitaram comentar o assunto.