Internacional
Líder da UE defende compra coletiva de vacinas contra covid-19
Perante o Parlamento Europeu, Ursula von der Leyen admite erros, mas reitera que aquisição conjunta de imunizantes pelo bloco foi decisão correta. A União Europeia colocou segurança à frente de rapidez, afirma
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, admitiu falhas na autorização de uso e na produção em massa de vacinas contra a covid-19, mas defendeu a aquisição coletiva de imunizantes pelo bloco ao falar na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Bruxelas, nesta quarta-feira (10/02).
“Esta luta contra o vírus não está sendo como gostaríamos. Demoramos demais na autorização. Fomos otimistas demais na produção de vacinas em massa e talvez estivéssemos seguros demais de que o produto encomendado de fato seria entregado pontualmente”, declarou.
Ela encarou críticas de eurodeputados sobre a atuação da Comissão Europeia na aquisição e distribuição de vacinas. Ao todo, os 27 países-membros da UE vacinaram apenas 4% da população até o momento. Em Israel, o percentual chega a 66%, e no Reino Unido, a 19%.
A Comissão encomendou 2,3 bilhões de doses de seis fabricantes. Segundo os dados apresentados por Von der Leyen, a UE recebeu 26 milhões de dose e vacinou mais de 17 milhões de pessoas. Ela reiterou a meta de vacinar 70% da população adulta até o fim do verão europeu.
A presidente defendeu o processo de aquisição conjunta. “Nem quero imaginar o que seria se alguns poucos grandes Estados-membros tivessem garantido vacinas para si e os demais ficassem de mãos vazias”, disse.
Mais lento, mas mais seguro
Von der Leyen destacou que, na União Europeia, uma vacina para covid-19 demora mais para receber luz verde do regulador, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA). “Fizemos uma escolha de não pegar atalhos em questões de segurança ou de eficácia e defendemos essa escolha.”
Para tentar reduzir esse tempo de aprovação, Von der Leyen anunciou uma nova rede europeia de testes clínicos, que permitirá aos Estados-membros compartilharem dados com a EMA, o que “permitirá à EMA examinar as vacinas o mais rapidamente possível”.
Ela acrescentou que parte da culpa pelos problemas enfrentados é das fabricantes. “Entendemos perfeitamente que dificuldades podem surgir na produção em massa de vacinas. Mas a UE adiantou bilhões de euros em investimentos. Então agora necessitamos de previsibilidade.”
Erro relativo à Irlanda do Norte
A presidente da Comissão Europeia também disse lamentar profundamente a ameaça feita por ela, no mês passado, de restringir as entregas de vacinas à Irlanda do Norte.
“Quanto ao mecanismo de exportação, gostaria de falar na Irlanda do Norte. O resultado final é que foram cometidos erros no processo que conduziu à decisão, e eu lamento profundamente que assim tenha sido, mas conseguimos corrigir”, declarou a líder do executivo comunitário no Parlamento Europeu.
Ela assegurou que a Comissão Europeia fará tudo o que for possível para manter a paz na Irlanda do Norte, “tal como tem feito ao longo de todo o processo do Brexit”.
Confrontada com o atraso na entrega da vacina de Oxford/AstraZeneca, a UE adotou um mecanismo para controlar os envios para fora do espaço europeu das vacinas contra a covid-19 que são produzidas na União Europeia e mesmo proibir as exportações “não legítimas”.
A Irlanda do Norte havia sido incluída na medida, o que contrariava o acordo do Brexit e causou severas críticas dos governos do Reino Unido, da Irlanda e da Irlanda do Norte, bem como de alguns países-membros da UE.