Saúde
Implante cerebral devolve visão para paciente cega há 16 anos
Implante cortical
Uma equipe de engenheiros, médicos e cientistas criou uma forma de visão artificial usando um implante cerebral.
O implante, já testado com sucesso em uma mulher que perdeu a visão já adulta, foi criado por uma equipe da Universidade Miguel Hernández (Espanha), do Instituto Holandês de Neurociência (Holanda) e da Universidade de Utah (EUA).
O pequeno implante, composto por uma série de eletrodos penetrantes, produziu uma forma simples de visão para a voluntária, no que a equipe afirma ser “um salto à frente para criar uma prótese cerebral visual para aumentar a independência dos cegos”.
Um neurocirurgião implantou a matriz de microeletrodos, composta de 100 microagulhas, no córtex visual da paciente, para registrar e estimular neurônios ligados à visão.
A paciente usa óculos equipados com uma câmera de vídeo, enquanto um software especializado codifica os dados visuais coletados pela câmera e os envia para os eletrodos implantados no cérebro. A matriz então estimula os neurônios circundantes, fazendo-os produzir pontos brancos de luz, conhecidos como fosfenos, que a paciente vê como uma imagem.
A mulher, de 58 anos de idade, é uma ex-professora de ciências, que ficou completamente cega há 16 anos. Devido ao seu amplo envolvimento e colaboração com a equipe, ela também é coautora do artigo científico que descreve o avanço.
Visão geométrica
Com a ajuda do implante, a paciente consegue identificar linhas, formas e letras simples, criadas por diferentes padrões de estimulação dos eletrodos – os pesquisadores criaram um videogame para ajudá-la a aprender a usar a prótese e praticar.
“Estes resultados são muito empolgantes porque demonstram tanto a segurança quanto a eficácia [do implante] e podem ajudar a realizar um sonho de longa data de muitos cientistas, que é a transferência de informações do mundo exterior diretamente para o córtex visual de indivíduos cegos, restaurando assim uma forma rudimentar de visão,” disse o professor Eduardo Fernández.
“Embora estes resultados preliminares sejam muito encorajadores, devemos estar cientes de que ainda há uma série de questões importantes sem resposta e que muitos problemas precisam ser resolvidos antes que uma prótese visual cortical possa ser considerada uma terapia clínica viável,” ressaltou ele.
No prosseguimento dos trabalhos, um dos objetivos da equipe é dar a uma pessoa cega mais mobilidade, o que eles esperam conseguir com sistema codificador de imagens mais sofisticado, capaz de estimular mais eletrodos simultaneamente e gerar imagens mais complexas.